A líder social argentina Milagro Sala foi presa novamente neste sábado cumprindo a ordem da Justiça, que revogou em setembro a medida cautelar da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pela qual passou semanas em prisão domiciliar.
Sala foi levada para o mesmo presído de Jujuy onde passou 20 meses em só prisão preventiva acusada de suposta malversação de fundos.
Em 31 de agosto teve a prisão domiciliar concedida por pressão internacional.
"Este traslado intempestivo sem notificação, sem dúvidas, é muito grave. A CIDH foi clara ao ditar a medida cautelar. Isso é um retrocesso", disse o presidente deste organismo, Francisco Eguiguren, à FM La Patriada.
A CIDH havia convocado a Argentina para uma reunião neste mês em Montevidéu para analisar o caso.
"Se considerarmos que a medida não foi cumprida e que não há possibilidade ou vontade de cumprir, teremos que analisar na Comissão o que ocorreu. Os regulamentos prevêem que quando uma medida não é cumprida, além de poder insistir no cumprimento, sempre é possível ir à Corte Interamericana", disse.
Sala, de 53 anos, é uma líder social indígena que enfrenta o governador de Jujuy, Gerardo Morales, autor de ações contra ela e aliado do presidente Mauricio Macri.
A Justiça a investiga por ameaças e suposta malversação de fundos recebidos por sua organização Tupac Amaru para a construção de moradias sociais durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner.
A CIDH, a Anistia Internacional, um comitê de especialistas da ONU e organismos defensores dos direitos humanos reclamaram a sua libertação ao considerar que sua prisão domiciliar era arbitrária e violava os padrões do Acordo Internacional de Direitos Civis e Políticos, o que colocou o governo em uma situação complicada.