A oposição na Venezuela descartou nesta sexta-feira que seus governadores eleitos no próximo domingo se submetam à Assembleia Constituinte, como determinou o presidente Nicolás Maduro.
"Este processo eleitoral não foi convocado pela Constituinte fraudulenta, não foi convocado por Maduro. A Constituição da Venezuela é que o convoca", declarou à imprensa Gerardo Blyde, chefe de campanha da Mesa da Unidade Democrática (MUD).
Maduro advertiu que os vencedores das eleições de domingo deverão se "subordinar" à Constituinte e prestar juramento diante de seus 545 membros, todos governistas, escolhidos em uma questionada votação, em 30 de julho passado.
"Quem não prestar juramento não tomará posse", advertiu Maduro.
Acompanhado pelo ex-candidato presidencial Henrique Capriles e pelo presidente do Parlamento, Julio Borges, o chefe de campanha da MUD antecipou que as eleições para governadores "serão uma derrota política" para o governo, que hoje controla 20 dos 23 estados.
"Em que lei está escrito que alguém deve se apresentar diante de uma Constituinte fraudulenta? As leis venezuelanas determinam que os governadores prestem juramento em suas respectivas assembleias regionais".
"Este juramento (exigido por Maduro) seria nulo, inexistente. Até mesmo os governadores deles (chavistas) seriam ilegítimos se prestassem juramento à Constituinte", declarou Blyde, advogado constitucionalista e prefeito de Baruta, na região de Caracas.
As eleições de governadores estavam previstas para 2016, mas o poder eleitoral adiou a votação para 2017 sem qualquer justificativa. Em agosto passado, a Constituinte fixou a data da eleição para 15 de outubro.
Na mesma coletiva, dirigentes da MUD denunciaram que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) mudou o local de 205 seções eleitorais, em 16 estados, para enganar os eleitores.
"Como não podem vencer, pretendem arrebatar", denunciou Capriles, governador de Miranda (norte), assinalando que apenas em seu estado "modificaram (as seções de) 224 mil eleitores".
"É uma guerra psicológica para que as pessoas se abstenham, mas vamos votar pela Venezuela, não podemos deixar espaços em branco", disse Capriles.
As pesquisas apontam que a oposição conquistará entre 11 e 18 estados, dependendo da abstenção, que tradicionalmente se situa em entre 30% e 40%.