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Estado de Minas

No país do Tour de France, irmãs afegãs quebram barreiras com ciclismo


postado em 04/07/2017 15:31

Com um discreto pano preto amarrado por baixo do capacete, Zahra e Masomah Alizada percorrem as sinuosas rodovias campestres da Bretanha francesa, felizes em voltar a treinar depois de um Ramadan particularmente caloroso.

Com 19 e 20 anos, as duas irmãs afegãs, apelidadas de "pequenas rainhas de Cabul", são as líderes da seleção nacional de ciclismo feminino do Afeganistão.

Refugiadas na Bretanha, no oeste da França, com os pais e mais três irmãos, as duas fugiram dos insultos cotidianos, das ameaças e dos atentados para viver a paixão pelo ciclismo. O pai, operário do setor de construção, apoiou as filhas.

"No Afeganistão, os homens acham que não é conveniente uma mulher montar numa bicicleta. Os talibãs nos proibiram de praticar esporte. Aqui é muito fácil. Homens e mulheres praticam o ciclismo", conta Masomah.

Assim como as companheiras de equipe, as irmãs Alizada foram ousadas o bastante para subir em bicicletas em público, em um país onde nenhuma mulher deveria se atrever a isso. Em especial se fizerem parte da minoria xiita hazara, como elas, que costuma ser alvo de sequestros e de atentados.

"Nunca renunciei à bicicleta. Pelo contrário, quero estimular as mulheres a usarem e popularizar o ciclismo feminino no Afeganistão", defendeu Masomah.

Depois de experimentarem o taekwondo, o vôlei e o basquete, as meninas se encantaram pelo ciclismo.

"Na bicicleta, você tem uma sensação de liberdade, de que ninguém lhe diz que você não pode fazer isso, ou aquilo, porque é uma mulher. É extraordinário, você se sente como um pássaro", diz Masomah.

O pai nunca cedeu às pressões: sempre quis "ser um bom exemplo para outros pais, mostrando que homens e mulheres têm os mesmos direitos", acrescenta a jovem.

- Objetivo: Jogos Olímpicos

Exilada no Irã sob o regime talibã, a família Alizada teve o pedido de asilo negado 20 vezes. A aventura francesa foi fruto do acaso. Em 2016, as irmãs acabaram participando de uma prova de ciclismo em Albi, no sul da França, que é qualificatória para os campeonatos mundiais.

É também a história de um encontro com outros grandes amantes do ciclismo, a família Communal, que conheceu o caso Alizada por um documentário transmitido na televisão.

O avô, o pai e o neto Communal receberam a família em sua casa de campo de Guéhenno, na Bretanha, e criaram uma associação para arrecadar fundos.

No povoado, seis aposentadas se organizaram para dar cursos de francês, enquanto a vizinha "fazia pequenos favores, dando carona, ou mostrando as verduras da região".

Segundo Therry, filho de Communal, "o objetivo é mesclar ciclismo e estudos. Elas precisam ser inscritas na universidades, mas também é preciso integrar os pais" na sociedade. Em junho, apresentaram um pedido de asilo para a família.

Esse professor de Engenharia Civil se declarou surpreso com o nível das jovens ciclistas e espera poder inscrevê-las em um clube, onde poderiam treinar de duas a três horas por dia.

Agora, Masomah e Zahra esperam acompanhar ver de perto uma etapa do Tour da França. No futuro próximo, sonham com entrar no grupo classificado para as Olimpíadas de Tóquio 2020 e, por que não, "conseguir a primeira medalha para o esporte feminino afegão".


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