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Estado de Minas

Aleppo, símbolo da impotência e da indiferença do Ocidente


postado em 16/12/2016 15:55

A queda de Aleppo simboliza uma derrota vergonhosa das capitais ocidentais que, apesar das críticas morais que apenas mobilizam a opinião pública, não se atreveram a agir contra um massacre apoiado pela Rússia.

"A pior tragédia do século XXI", "Banho de sangue", "massacre", "nova Srebrenica": no Ocidente sobram qualificativos para denunciar a ofensiva do exército de Bashar al Assad, que conta com apoio da Rússia e do Irã.

Porém, apesar de condenarem, os ocidentais têm tido uma atitude muito vergonhosa em relação ao conflito, que desde 2001 já foi responsável por mais de 310.000 mortes.

Além disso, suas críticas à Rússia de Vladimir Putin escondem apenas uma palpável impotência dentre outras.

A chanceler alemã, Angela Merkel, qualificou de "vergonhosa" a incapacidade da comunidade internacional em acudir Aleppo.

"Nosso dever é agir, temos demorado muito tentando resolver no plano político (...) Temos que atuar no plano humanitário", declarou na terça-feira em Berlim o presidente francês François Hollande, lembrando recordou que, após um ataque com armas químicas que deixou centenas de mortos em 2013 na Síria, havia proposto uma ação militar, mas que no último momento o Estados Unidos não apoiou a intervenção.

Os editorialistas europeus têm se mostrado muito críticos nos últimos dias. A cidade de Aleppo é "o cemitério das ilusões ocidentais no Oriente Médio", escreveu o jornal inglês Financial Times.

"A comunidade internacional assegurou que nunca mais apenas observaria sem agir quando civis estivessem sendo vítimas da arbitrariedade de dirigentes assassinos. Porém, era pura hipocrisia, pois é exatamente o que estão fazendo em relação a Aleppo", denunciou, por sua vez, o alemão Die Welt.

Sem solidariedade

"Os homens, as mulheres e as crianças de Aleppo podem morrer e não moveremos um dedo", reprova o diário francês Libération, que chama a atenção à responsabilidade de Barack Obama nessa "retirada mundial da sensibilidade humana".

Entretanto, a opinião pública não exerceu pressão sobre seus dirigentes. Apesar da onipresença das imagens de terror, Aleppo nunca desencadeou um impulso solidário comparável ao relacionado aos conflitos dos anos 90 na Bósnia-Herzegovina.

De Londres a Varsóvia, as manifestações foram escassas. Inclusive na Alemanha, onde vivem centenas de milhares de refugiados sírios, não ocorreu também nenhuma grande manifestação.

Angela Merkel criticou recentemente esse silêncio da sociedade civil, que na verdade está disposta a manifestar-se contra um tratado de livre comércio.

Merkel "tem razão, com tudo que está acontecendo em Aleppo, é algo muito rude", afirma Yusra Mardini, uma jovem nadadora síria refugiada na Alemanha, que emocionou a todos nos Jogos do Rio com a história da sua fuga, que aconteceu em parte à nado.

De qualquer forma, "se todos os dias ficasse atenta ao que está acontecendo na Síria, choraria o tempo todo em minha casa (...) é algo realmente terrível, e o problema é que eu não posso fazer nada", admite.

Tem-se que voltar a analisar o que ocorreu em Sarajevo, nos anos 90, para encontrar uma demonstração de como reunir milhares de pessoas contra o cerco a uma cidade.

"Nós, que já vivemos em Sarajevo, sabemos como é a situação, não podemos permanecer em silêncio", argumenta Mujo Agonic, veterano do cerco da cidade que teve um total de 10.000 mortos, entre eles sua filha de oito anos.

Aleppo "é o resultado do salvamento de alguns, da cumplicidade ativa e total cinismo de outros, porém também de muita covardia e indiferença", admite François Delattre, embaixador francês das Nações Unidas.


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