Legisladores da oposição brasileira apresentaram, nesta segunda-feira (28), um pedido de destituição contra o presidente conservador Michel Temer por sua participação em um suposto caso de tráfico de influências de um de seus ministros.
A ação, contudo, tem escassas possibilidades de prosperar devido ao amplo apoio de Temer no Congresso.
O escândalo começou há cerca de dez dias, quando o ministro da Cultura, Marcelo Calero, apresentou sua renúncia e denunciou que outro ministro, Geddel Vieira Lima, encarregado da articulação política com o Congresso, o havia pressionado para resolver um assunto de interesse privado.
Calero disse à imprensa, e depois à Polícia, que Geddel o pressionou para que o Instituo do Patrimônio Histórico (Iphan), que dependia de seu cargo, aprovasse um projeto imobiliário em Salvador, onde havia comprado um apartamento.
Calero afirmou inclusive que o próprio Temer havia pedido a ele que procurasse uma solução para o problema porque havia gerado "dificuldades operacionais" em seu gabinete e Geddel - homem de sua confiança - estava "irritado" com o assunto.
O presidente admitiu ter tratado o assunto com Calero, mas alegou que sua atuação se limitou a "arbitrar" um conflito entre seus ministros.
Para o deputado Iván Valente, do Psol, Geddel praticou tráfico de influências e Temer, em vez de advertir e reprimir esta ação, foi condescendente com ela.
Outras formações de esquerda, como o Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), anunciaram que estão preparando outros pedidos de destituição nos próximos dias.
Contudo, as chances de que o Congresso abra o processo são mínimas, já que a luz verde para que o impeachment comece a ser tramitado depende do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, muito próximo a Temer.
A Procuradoria está estudando se abre uma investigação contra Geddel que, segundo a imprensa, poderá incluir Temer.
O escândalo obrigou Geddel a renunciar, tornando-se assim o sexto ministro a sair do gabinete desde que Temer assumiu o poder provisoriamente em maio.