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Estado de Minas

Eduardo Cunha é finalmente cassado na Câmara


postado em 13/09/2016 01:07

A Câmara dos Deputados cassou nesta segunda-feira o mandato de Eduardo Cunha - que autorizou o início do processo que levou ao impeachment da presidente Dilma Rousseff - ao final de um longo processo por quebra de decoro parlamentar.

"Declaro a perda do mandato do deputado Eduardo Cunha por conduta incompatível com o mandato parlamentar", leu o presidente da mesa após a votação que o cassou por 450 votos contra 10 e 9 abstenções.

Reeleito deputado em 2014 e presidente da Câmara no ano seguinte, Cunha foi peça-chave no impeachment de Dilma ao acatar um dos diversos pedidos enviados à Câmara dos Deputados para afastar a então presidente, exatamente por maquiar as contas públicas com as chamadas "pedaladas fiscais".

Após ser apontado como culpado no relatório do Conselho de Ética, Cunha foi derrotado por "goleada" na votação no plenário da Câmara.

Durante seu discurso no plenário, Cunha voltou a atacar Dilma e o Partido dos Trabalhadores, e afirmou que "não mentiu". "Onde está a prova?! Não há prova (...). Estão me julgando pelo que diz a opinião pública".

"Este é o preço que estou pagando para que o Brasil se livre do PT. Estão me cobrando o preço do impeachment que aceitei e que ninguém mais estava em condições de fazê-lo naquele momento", disse Eduardo Cunha em sua defesa, as vezes com a voz embargada, na qual lembrou que ao menos 160 deputados também enfrentam investigações judiciais.

Em entrevista coletiva após a perda do mandato, Cunha não poupou o governo do presidente Michel Temer, que acusou de ser parcialmente responsável por sua cassação.

"O governo é culpado porque patrocinou" a candidatura de "Rodrigo Maia à presidência" da Câmara. "Quem derrotou o candidato Rogério Rosso foi o governo".

Segundo Cunha, que apoiava Rosso (PSD-DF), candidato do chamado "centrão", a vitória de Rodrigo Maia foi decisiva para a sua cassação.

"É o conjunto político do processo de vingança da conjuntura (...), quando o governo patrocinou a candidatura do presidente (da Câmara), que se elegeu em acordo com o PT, o governo, de uma certa forma, aderiu à agenda de cassação".

Cunha não culpou diretamente o também peemedebista Temer por sua cassação, afirmando que quem de fato "comanda o governo" é o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco.

"Todo mundo sabe que na verdade, há uma articulação porque no governo hoje tem uma eminência parda. Quem comanda o governo é o Moreira Franco, que é sogro do presidente da Casa (Maia). Então o sogro do presidente da Casa fez uma articulação que fez com que fosse feita uma aliança com o PT e, consequentemente, a minha cassação estava na cara".

Cunha prometeu publicar um livro com todas as conversas que teve com políticos durante o processo de impeachment de Dilma, mas garantiu que não há conversas gravadas. "Tenho boa memória".

Deputado conservador conhecido como o "Frank Underwood brasileiro", em referência ao maquiavélico protagonista da série "House of Cards", Cunha era acusado de falta de decoro parlamentar por ter mentido sobre contas bancárias que teria na Suíça, para onde supostamente desviou fundos da corrupção na Petrobras.

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu seu mandato em 5 de maio, menos de um mês depois de os deputados votarem a favor do impeachment de Dilma Rousseff, definitivamente afastada do cargo pelo Senado em 31 de agosto.

Desde então, Cunha, 58 anos, profundo conhecedor do regimento da Câmara dos Deputados, lançou mão de todos os recursos legais e manobras dilatórias para evitar sua cassação.

O deputado ainda é alvo de uma investigação por parte do Supremo Tribunal Federal - que agora deve passar ao juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba - por corrupção e lavagem de dinheiro vinculado ao escândalo de corrupção que atingiu a Petrobras durante o governo Dilma.


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