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Estado de Minas

Omran, o menino de 4 anos que virou símbolo da violência cega na Síria


postado em 18/08/2016 16:22

Sentado no interior de uma ambulância, coberto de poeira e sangue, o pequeno Omran olha atordoado para a câmera do fotógrafo Mahmud Rslan, minutos depois de ter escapado de um bombardeio contra sua casa em um bairro da cidade síria de Aleppo.

"Já tirei muitas fotos de crianças mortas ou feridas pelos bombardeios, o que ocorre cotidianamente" na parte rebelde de Aleppo, segunda cidade de um país devastado por mais de cinco anos de guerra, conta Mahmud, que falou por telefone em Beirute.

"Normalmente elas estão desmaiados ou choram. Mas Omran estava lá sem voz, com o olhar perdido. É como se não compreendesse muito bem o que tinha acabado de acontecer", afirma o fotógrafo de 27 anos.

A foto, que imortaliza este momento trágico, comoveu as redes sociais.

Em um vídeo filmado pela rede de militantes do Centro de Meios de Comunicação de Aleppo (AMC), vê-se o pequeno Omran limpando seu rosto ensanguentado com a mão. Depois olha para sua mão e, sem acreditar, limpa-a em seu assento.

Omran "resume o sofrimento das crianças em Aleppo, submetidas aos bombardeios até em suas próprias casas", destaca Mahmud.

Ele estava perto da área de Qaterji, leste da cidade dividida em áreas leais e rebeldes, quando ocorreram os ataques na quarta-feira no fim da tarde. Os bairros do Leste são comumente objetivo da força aérea do regime ou da aviação russa.

"Às 19h15 locais (13H15 de Brasília), escutei bombardeios e fui até os lugares atingidos", disse Mahmud.

"Já era noite e vi um prédio totalmente destruído e outro que estava pela metade", onde Omran vivia com sua família, acrescentou.

"Com as equipes de resgate da Defesa Civil, caminhamos tentando evitar os três cadáveres antes de entrar no prédio... Nós queríamos ir para o primeiro andar, mas as escadas estavam destruídas".

"Símbolo da inocência"

Eles tiveram que ir para outro edifício próximo e "retirar de lá os membros da família de Omran um a um, de uma varanda para outra".

Primeiro ajudaram Omran, depois seu irmão de cinco anos e suas duas irmãs de 8 e 11 anos. Depois a mãe e o pai.

"Quando colocamos Omran na ambulância havia luz suficiente, e então pude tirar as fotos", indicou Mahmud, que aparece de costas no vídeo do AMC.

"Omran estava impressionado, pois uma parede caiu sobre ele e sua família", disse Mahmud.

Segundo ele, o pai do pequeno não quis dar o verdadeiro nome da família por razões de segurança.

"Esta criança, como todas as crianças na Síria, são o símbolo da inocência. Não têm nada a ver com a guerra", afirma Mahmud.

A foto do pequeno Omran recorda, por seu aspecto simbólico, a foto de Aylan.

A imagem desse refugiado de três anos, que apareceu sem vida em uma praia, comoveu o mundo inteiro em setembro de 2015 e se tornou a imagem do drama dos refugiados sírios.

Iniciada em março de 2011 com a repressão das manifestações, a guerra na Síria já causou mais de 290.000 mortes e o deslocamento de milhares de pessoas.


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