A dois dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, a partida de futebol feminino entre Suécia e África do Sul deu início às competições, às 13h00 (de Brasília), mas o escândalo de doping da Rússia continua alimentando vários problemas nos bastidores.
A primeira Olimpíada da história na América do Sul será aberta oficialmente apenas na sexta-feira no Maracanã.
Mas foi o Engenhão, outro estádio do Rio, que recebeu o primeiro evento esportivo, dando início a 19 dias de competição, com a vitória por 1 a 0 das suecas sobre as sul-americanas, diante de arquibancadas praticamente vazias.
O estádio ficou mais cheio poucas horas depois, com estreia da seleção brasileira feminina, que venceu a China com autoridade por 3 a 0, com grande atuação da craque Marta.
A torcida carioca não lotou o Engenhão, mas fez bonita e barulhenta festa para as meninas do Brasil, que buscam a medalha de ouro inédita, depois das pratas de Atenas-2004 e Pequim-2008.
O estádio Olímpico,com capacidade para 60.000 torcedores, só deve encher mesmo na segunda semana dos Jogos, com as provas de atletismo do superastro Usain Bolt, embora ainda sobrem ingressos a venda até nas sessões com presença do jamaicano.
No total, 4,9 dos 6,1 milhões de bilhetes do mega-evento foram vendidos, 80% da carga disponível, informou à AFP um porta-voz do comitê organizador Rio-2016. Ou seja, 1,2 milhão ainda estão não encontraram compradores. Há quatro anos, em Londres, as entradas para os esportes mais populares esgotaram meses antes da abertura.
Além do Engenhão, outros dois estádios receberam jogos nesta quarta-feira, ambos fora do Rio, a Arena Corinthians, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014, em São Paulo, e o Mineirão, em Belo Horizonte.
O futebol masculino também começa antes da cerimônia de abertura, nesta quinta-feira, com a estreia do Brasil contra a África do Sul, em Brasília.
A caça às medalhas está lançada, mas o Papa Francisco lembrou desde o Vaticano que os participantes precisam travar "a batalha certa", com âmbito de "obter algo bem mas precioso: a realização de uma civilização na qual reina a solidariedade".
- 31º recurso russo diante do TAS -
Nos bastidores do COI, é complicado encontrar solidariedade dentro do movimento olímpico.
Na manhã desta quarta-feira foi anunciado um 31º recurso de atleta russo diante do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) para contestar a exclusão dos Jogos por conta do esquema de doping de Estado denunciado pelo relatório McLaren.
O recurso da vez foi da nadadora Daria Ustinova, de 17 anos, medalhista de bronze no Mundial de 2013.
O TAS já registrou 18 processos, um recorde para uma única edição dos Jogos.
O tribunal confirmou a exclusão dos oito representantes russos do levantamento de peso, depois de ter negado os recursos de 17 remadores russos excluídos dos Jogos do Rio pela Federação Internacional de Remo (Fisa).
O número exato de russos autorizados a disputar os Jogos só deve ser conhecido no momento da cerimônia de abertura, sendo que 16 atletas ainda aguardam a decisão do TAS: quatro nadadores, um lutador e de um canoísta.
A última palavra será do COI, que formou um painel de três membros que estão avaliando desde sábado as listas de atletas russos declarados elegíveis por suas respectivas federações internacionais.
O COI prometeu dar a decisão final até sexta-feira, mas os recursos em série podem complicar sua tarefa, embora o TAS esteja operando do Rio para agilizar os processos.
O presidente do Comitê Olímpico Russo (ROC), Alexandre Zhukov, espera uma resposta mais rápida, até a noite desta quarta-feira, com a expectativa de uma delegação com "270 a 280 atletas".
O velejador russo Pavel Sozykin, terceiro colocado da classe 470 no Mundial de 2015, foi repescado pela federação internacional de iatismo, levando em conta uma nova interpretação dos critérios estabelecidos pelo COI.
Inicialmente qualquer atleta citado no relatório McLaren deveria ser excluído, mas o COI informou que regra não se aplica se não houver menção do uso de uma substância proibida pelo código mundial antidoping, o que acabou liberando Sozykin para disputar os Jogos.
- Pelé ou Guga? -
Além do número de russos autorizados a competir, ainda sobram dúvidas sobre o último revezador da tocha olímpica, que terá a honra de acender a pira, no Maracanã.
O mais cotado é o 'Rei Pelé', mas compromissos com patrocinadores podem estragar a festa do eterno camisa dez.
Em votação pela internet, o escolhido foi Gustavo Kuerten, o Guga, tricampeão de Roland Garros.
A Grã-Bretanha já escolheu um tenista como porta-bandeira, o número dois do mundo e atual campeão olímpico Andy Murray, imitando a Espanha, que já tinha optado há muito tempo por Rafael Nadal.
Na terça-feira, o 'Rei do Saibro' confirmou que vai competir nos três torneios possíveis (simples, duplas masculinas e duplas mistas), apesar de não estar 100% fisicamente por conta de uma lesão no punho que arrasta desde maio.
Os Estados Unidos optaram pelo óbvio: ninguém menos que o nadador Michael Phelps, atleta mais vitorioso da história dos Jogos, com 22 medalhas, 18 delas de ouro. Ele conduzirá uma delegação de 555 atletas, a maior dos Jogos.
Os chineses escolheram o esgrimista Lei Sheng, atual campeão olímpico, mas tiveram problemas mais complicados para solucionar. Em foto publicada na rede social Webo, é possível ver duas estrelas do tênis de mesa consertar uma ducha quebrada na Vila dos Atletas, onde foram registrados vários problemas de acabamento na semana passada.
O congresso do COI também abriu uma janela para o futuro, com a inclusão de cinco novas modalidades no programa olímpico dos Jogos de Tóquio-2020. Além do retorno do beisebol e da sua versão feminina, o softball, o surfe, o skate, a escalada e o caratê farão sua estreia em Olimpíadas na capital japonesa.