(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Mortes no câmpus

Assassinato seguido de suicídio, na Universidade da Califórnia (Ucla), deixa estudantes entrincheirados, escondidos em salas de aulas, e chega a alterar treino da Seleção Brasileira


postado em 02/06/2016 00:12

Rodrigo Craveiro e Jaeci Carvalho*


Brasília e Los Angeles – “Estamos todos amedrontados. Tentamos manter a calma. As luzes estão apagadas. As portas foram bloqueadas. Nós amarramos um cinto à porta e a trancamos. Estamos amontoados no chão, atrás de fileiras de mesas com computadores.” Por volta das 15h de ontem (11h em Brasília), enquanto se entrincheirava em uma sala de aula na parte norte do câmpus, Carrie Rapaport — estudante de antropologia e de comunicação da Universidade da Califórnia (Ucla), em Los Angeles — relatou à reportagem o clima de medo e apreensão enquanto a Swat e um esquadrão antibomba vasculhavam o câmpus em busca de um atirador. As primeiras informações davam conta de que um homem vestido com jaqueta e calça pretas tinha matado duas pessoas, no complexo Boelter Hall, e se escondido em um dos prédios. “Ouço helicópteros e policiais gritando”, contou Carrie. O incidente cancelou o treino da Seleção Brasileira de Futebol, que ocorreria no local. Em outras salas, os universitários selaram as portas usando fios de impressoras e computadores.
Cerca de duas horas depois, as autoridades suspenderam o alerta e anunciaram que o caso se tratava de um homicídio seguido de suicídio. Dois corpos foram encontrados em um pequeno escritório, no quarto andar do edifício número 4 de engenharia. Informações iniciais davam conta de que um aluno executou o professor e se matou. Um bilhete teria sido encontrado no local da tragédia. O tiroteio de ontem foi o 186º registrado nos Estados Unidos em menos de quatro anos.
A estudante de psicobiologia Mehwish Khan, de 21 anos, e três colegas também se trancaram no banheiro da biblioteca. “A situação é amedrontadora. Às 9h54 (hora local), saí da aula e recebi um alerta pelo telefone no qual diziam para que nos afastássemos do prédio da engenharia. Enquanto eu caminhava, as pessoas começavam a correr. Fui até um ponto mais distante. Espero que nossa porta esteja segura”, desabafou à reportagem, minutos antes de o alerta ser cancelado. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi informado sobre o caso.
Medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta (1996) e três vezes medalha de ouro no Grand Prix de Voleibol (1994, 1996 e 1998), a ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel, de 44, saía de casa para a aula no curso de arquitetura e design de interior quando soube do tiroteio. “Fiquei sabendo por um alerta da Ucla que recebo pelo celular. O incidente foi no prédio ao lado de onde tenho aulas de história da arte”, afirmou, por meio da internet.

TREINO TROCADO O assassinato seguido de suicídio foi o grande adversário da Seleção Brasileira na tarde de ontem, em Los Angeles. A equipe, comandada por Dunga, treinaria pela primeira vez na Universidade da Califórnia, para se preparar para o jogo de estreia na Copa América Centenário, sábado, no Rose Bowl, palco da conquista do tetra, em 1994. Porém, pela manhã, no prédio de engenharia, segundo os policiais, um homem atirou em outro e, logo após cometeu suicídio. Com isso, o Brasil, que treinaria na Ucla à tarde, consultou a Conmebol e a mesma determinou que o time canarinho treinasse no StubHub Center, onde já vinha se preparando para a competição.
Foi uma sorte para os jogadores que tal episódio tivesse acontecido pela manhã. Os atletas ficaram assustados e a todo momento buscavam informações sobre o ocorrido. Os policiais de Los Angeles cercaram a área e ninguém mais teve acesso. Os nomes do atirador e suicida e da pessoa assassinada não foram divulgados até o fim desta edição. Como o Brasil joga no dia 4 e depois segue para Orlando, onde fará a segunda partida com o Haiti, é provável que treine também no StubHub amanhã, uma vez que na sexta-feira haverá o chamado reconhecimento do gramado.
Nos Estados Unidos, esse tipo de assassinato por arma de fogo em universidades é recorrente. No caso de ontem, não se sabe se o crime foi passional –, levantou-se a hipótese de que o assassino poderia ser namorado da vítima –, ou se foi cometido por uma pessoa com distúrbios, que resolveu atirar de forma aleatória. A verdade é que a Seleção ficou sem clima para treinar na Ucla e a própria Conmebol e organizadores da competição e a polícia não permitiriam.
A polícia fez uma varredura no câmpus da universidade e não encontrou nenhum indício de terrorismo ou coisa parecida, atribuindo o fato a um caso isolado. Mesmo assim, as ruas próximas à Ucla foram fechadas e ninguém podia entrar no câmpus.
Como o Brasil é considerado um dos países mais violentos do mundo, uma pessoa da delegação, que pediu para não ter o nome publicado, disse que esse fato, mesmo isolado, serve de alerta para aqueles que criticam a segurança que será usada nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Segundo ele, nos Estados Unidos, é muito comum alunos com distúrbios atirarem em colegas em universidades, deixando dezenas de mortos. Felizmente, não foi o caso ontem, mas duas pessoas, entre elas o atirador, perderam a vida.
Preocupados com o fato, mas tranquilos por terem mudado o local do treinamento, os jogadores não deixaram que as mortes interferissem no trabalho. A dois dias da estreia contra o Equador, eles só querem aprimorar a condição física e técnica, para tentar uma grande vitória. O treino transcorreu normalmente, porém, com segurança reforçada.

*Enviado Especial

avingança no quênia

Mohamed Mohamud, suspeito de ser o mentor intelectual do ataque de abril de 2015 contra a Universidade de Garissa, no Quênia, foi morto no Sudoeste da Somália – anunciou o ministro da Segurança do estado somali de Jubaland, Abdirashid Janan. Cometido em 2 de abril de 2015 por islamitas shebab, o atentado deixou 148 mortos, entre eles 142 estudantes. “Dezesseis homens armados, dos quais quatro comandantes – entre eles Mohamed Mohamud Ali (...) –, foram mortos por comandos somalis e pelas forças especiais de Jubaland na madrugada de quarta-feira”, declarou o ministro Janan em entrevista coletiva na cidade de Kismayo. As autoridades quenianas consideravam Mohamed Mohamud o principal organizador do massacre da Universidade de Garissa. Em 2015, o governo prometeu uma recompensa de cerca de 200 mil euros pela captura de Mohamud, que também era ex-professor. Mas não soube informar se a morte foi premeditada por alguém ou não.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)