Quatro israelenses foram indiciados, nesta terça-feira, pelo linchamento do eritreu Habtom Zarhum, de 29 anos, depois que ele foi ferido a tiros por um agente de segurança.
O policial confundiu Zarhum com o autor de um ataque, relatou a imprensa local.
A necropsia revelou que esse demandante de asilo morreu em consequência dos ferimentos, e não do linchamento.
Segundo a rádio pública israelense, entre os quatro israelenses indiciados está um oficial que já trabalhou em presídio e um outro militar.
O incidente aconteceu em outubro em Beersheva, no sul de Israel. Zarhum esperava o ônibus na estação, quando um árabe-israelense entrou, matou um soldado, tomou seu fuzil e atirou contra a multidão. Pelo menos dez pessoas ficaram feridas.
Foi nessa confusão que o agente de segurança tomou Zarhum pelo agressor.
Em um vídeo postado na Internet, Zarhum aparece no chão, em uma poça de sangue, mas ainda vivo e cercado por uma multidão. Alguns insultam o rapaz, e outros dão chutes. A polícia acaba intervindo.
De acordo com o advogado do oficial indiciado, seu cliente acreditava que ele e os demais estivessem correndo risco de vida.
"Havia um perigo naquele momento. O suspeito ainda se movia e podia ter uma pistola, ou um cinturão de explosivos", afirmou Tzion Amir.
Cisjordânia, Jerusalém e Israel se encontram mergulhadas em uma onda de violência desde 1º de outubro, que já deixou 149 mortos do lado palestino, e 23, do lado israelense, de acordo com a contagem da AFP.
Depois da morte de Zarhum, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu a seus concidadãos que não fizessem justiça com as próprias mãos. Muitos viram esse episódio como bastante revelador do tratamento dado por Israel aos demandantes de asilo africanos.
Segundo a ONU, Israel abriga 53.000 refugiados e demandantes de asilo. A maioria entrou ilegalmente pelo Sinai egípcio. Entre eles, 36.000 são originários da Eritreia.