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Estado de Minas

Incerteza política inquieta setor econômico espanhol


postado em 12/01/2016 15:07

Os dias passam na Espanha sem um novo governo à vista, a Catalunha mantém o rumo à independência e o mundo econômico-financeiro está cada vez mais preocupado de que este quebra-cabeças político afete a reativação econômica.

O Partido Popular (PP, direita) perdeu a maioria absoluta nas eleições legislativas de 20 de dezembro e enfrenta muitas dificuldades para formar o governo dentro de um Parlamento muito fragmentado que se constituirá pela primeira vez na quarta-feira.

"Do ponto de vista das empresas, o que nos interessa é que haja um governo sólido, forte, dos que enfrentam as dificuldades da situação econômica", diz o presidente da poderosa patronal CEOE, Juan Rosell, contatado pela AFP.

A situação se complicou ainda mais no domingo, com a posse de um separatista convicto, Carles Puigdemont, na presidência da Catalunha, com a promessa de proclamar em 2017 a independência desta região responsável por cerca de 20% do PIB espanhol.

Os bancos, os primeiros a se alarmar com os riscos do separatismo após a notícia de que mil empresas deixaram a região em 2014, voltaram a ativar as sirenes.

O presidente do catalão Banco Sabadell, Josep Oliu, pediu "estabilidade institucional e segurança jurídica". O do Bankia, José Ignacio Goirigolzarri, pediu para "respeitar a lei" e advertiu que uma declaração unilateral de independência afetaria o setor financeiro.

A independência da Catalunha e sua consequente saída da zona do euro complicaria o financiamento dos bancos presentes nesta região através do Banco Central Europeu (BCE) e, por conseguinte, dificultaria o acesso ao crédito para famílias e empresas.

Esta incerteza inquieta as empresas justo quando a Espanha retoma o caminho do crescimento, após uma crise econômica devastadora. A progressão do PIB poderia ter alcançado 3,2% em 2015, após 1,4% em 2014, uma das maiores altas da zona do euro.

Novas eleições

De repente, o país deve pagar mais para se financiar nos mercados, enquanto o setor público precisa de mais de 200 bilhões de euros em 2016, aproximadamente o mesmo que o setor privado, segundo o ministro da Economia, Luis de Guindos.

A taxa de juros com dez anos de prazo subiu de 1,7% antes das legislativas de 20 de dezembro para 1,84% nesta terça-feira. "A Espanha se financia mais caro que a Itália, enquanto sua dívida pública é inferior e seu crescimento, melhor", destaca Jesús Castillo, economista do Natixis, como prova desta desconfiança dos investidores.

Isto pode acarretar custos para Madri, que ainda deve refinanciar sua grande dívida (98,7% do PIB em 2015) e cujo déficit público está acima dos limites marcados por Bruxelas.

"Por enquanto parece que a situação não está afetando as decisões empresariais" de investir ou contratar na Espanha porque a demanda continua sendo elevada, afirma Álvaro Sanmartín, economista-chefe da consultoria Grant Thornton.

Mas a situação pode se agravar se novas eleições tiverem que ser convocadas, caso nenhum partido consiga formar um governo, prolongando por vários meses este clima de incertezas.

A indústria automotiva, responsável por 10% do PIB nacional, acompanha de perto os acontecimentos políticos.

"A indústria ainda precisa atrair novos investimentos e novas cargas de trabalho" para suas fábricas e sofreria se os grandes grupos estrangeiros derem as costas à Espanha, admite uma fonte do setor.

Outro temor no meio empresarial é a continuidade da política de austeridade e flexibilização do mercado de trabalho, aplicada pelo PP desde a sua chegada ao poder no final de 2011.

Neste caso, "os setores que dependem mais da regulamentação pública como o setor energético e as infraestruturas poderiam ser afetadas", indica Sanmartín.

O mundo empresarial evita se pronunciar sobre sua coalizão de governo preferida, mas sem sombra de dúvidas, a chegada ao poder da esquerda radical do Podemos, aliados do grego Syriza, não causa neles nenhuma ilusão.


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