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Estado de Minas

Falta de conversibilidade é obstáculo para iuane


postado em 01/12/2015 17:46

O reconhecimento do iuane pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) contribuirá para ampliar o uso dessa moeda fora da China, mas sua falta de conversibilidade continua sendo um obstáculo para sua expansão internacional - de acordo com analistas consultados pela AFP.

Na segunda-feira, o FMI confirmou que incluirá o iuane em sua cesta de divisas, o que o transforma em uma moeda de reserva. Trata-se de um reconhecimento simbólico para Pequim, que quer reforçar a importância de sua divisa no mundo, à altura de sua potente economia.

As repercussões dessa decisão não serão imediatas, mas o reconhecimento do FMI levará os bancos centrais a incluir o iuane em suas reservas, indicam os especialistas.

"Nos próximos seis anos, a proporção de iuanes nas reservas [dos bancos centrais] pode passar do 1,4% atual para de 4,7% a 10%", o que supõe comprar iuanes pelo valor de 110 bilhões de dólares, segundo Dariusz Kowalczyk, do Crédit Agricole.

Para os observadores, o problema é a conversibilidade limitada do iuane, ou seja, o fato de a China impôr restrições para trocar sua moeda por outras divisas.

"Os bancos centrais, como todos os gestores de fundos, preferem divisas totalmente conversíveis para as quais existem grandes mercados de câmbio e de obrigações, onde se podem trocar facilmente", afirmou Andrew Kenningham, da Capital Economics.

E aí que mora o problema. "O atrativo do iuane como moeda de reserva se verá obstruído por sua falta de conversibilidade e por sua liquidez limitada", afirma Kenningham, lembrando que é preciso considerar a atual desaceleração da economia chinesa.

Para entrar na cesta do FMI, a divisa precisa ser "amplamente utilizada" e ser "livremente utilizável".

O iuane cumpriu facilmente o primeiro requisito. Em setembro, foi a quinta divisa mais usada nos pagamentos internacionais, com 2,45% do total das transações, ainda longe do dólar (43,3%) e do euro (28,6%), segundo a companhia financeira SWIFT.

- Protecionismo de Pequim -

A segunda condição (uma moeda livremente utilizável) foi muito mais debatida, porque o iuane pode flutuar em relação ao dólar apenas dentro de uma banda determinada diariamente.

Trata-se de uma medida de proteção do governo de Pequim, que impõe restrições aos movimentos de sua moeda no exterior por medo de fuga de capitais. O recente desmantelamento de uma trama acusada de transferir ilegalmente para o exterior bilhões de iuanes é uma prova da intransigência das autoridades de Pequim sobre essa questão.

"A China prometeu suspender os controles de capitais antes de 2020, o que significa que a livre conversibilidade ainda está muito distante", lembra o analista Andrew Colquhoun, da Fitch Ratings.

A China tomou algumas medidas à conversibilidade, como a liberalização da taxa de juros e a autorização a alguns bancos centrais e fundos de investimentos estrangeiros a acessarem seu mercado interno.

Em agosto, o Banco Central Chinês (PBOC, na sigla em inglês) anunciou a desvalorização de 5% de sua moeda, e justificou a decisão para aproximar o iuane de seu "valor real", uma medida celebrada pelo FMI. Também fechou acordos de intercâmbio de divisas com cerca de 30 bancos centrais.

Nesta terça-feira, o PBOC elogiou o anúncio do FMI e manifestou sua vontade de "acelerar as reformas financeiras e de abertura".

Os analistas consideram, porém, que a China tem de continuar realizando reformas em seu sistema financeiro para convencer os investidores institucionais e privados, que temem uma política econômica "imprevisível", avalia Mark Williams, da Capital Economics.

A decisão do FMI também não deve impedir a fuga de capitais da China, acelerada pela má conjuntura econômica e pelo temor de desvalorização contínua do iuane.


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