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Estado de Minas

Bodas sem lua de mel para o presidente eleito da Argentina


postado em 23/11/2015 19:22

Terminou a festa para Mauricio Macri. No dia seguinte de ser eleito presidente da Argentina, já não tem tempo para lua de mel. A economia urge e a política o obriga a negociar com uma oposição que deve repensar lideranças após encerrar 12 anos de kirchnerismo.

Com apenas dez dias hábeis até assumir o mandato em 10 de dezembro, Macri falou, nesta segunda-feira, sobre "construir pontes" em sua primeira coletiva de imprensa como presidente eleito.

No domingo, venceu o 2º turno por estreitos 2,8 pontos frente ao oficialista Daniel Scioli, candidato apoiado pela líder Cristina Kirchner, que encerra um ciclo iniciado por seu marido, Néstor Kirchner, em 2003.

Com um Congresso que depende de aliados, sem controle de nenhuma câmera, Macri é obrigado a negociar se não quiser fazer uso de decretos e dar as costas à sua promessa de fortalecimento da institucionalidade.

Contra o tempo

"O tempo de espera que normalmente o eleitorado concede a um novo governo, a lua de mel, já está sendo descontado", afirmou à AFP o sociólogo e analista político Gustavo Córdoba.

A mudança de ciclo já começou e os argentinos "precisam começar a escutar as principais definições, seu gabinete e suas medidas", disse.

"Os desafios de governabilidade são muito mais urgentes, basicamente pela magnitude do desafio econômico e social", indicou.

No plano econômico, Macri forneceu, nesta segunda-feira, algumas pistas que permitem vislumbrar uma reforma nessa área sensível.

O presidente eleito disse que terá um gabinete econômico de seis ministros, embora tenha evitado anunciar quem ocupará os cargos.

Não é somente na Argentina que há ansiedade para conhecer essa equipe.

O novo presidente deve resolver o litígio na justiça dos Estados Unidos com os fundos "abutres" que ganharam um julgamento por 1,6 bilhão de dólares em títulos não remunerados da dívida, demanda que arrasta reivindicações por cerca de oito bilhões de dólares.

No plano doméstico, Macri prometeu liberar o mercado cambial, restrito desde 2011 para prevenir a perda de reservas que giram em torno de 26 bilhões de dólares.

Kirchnner deixa uma economia com sinais de crescimento fragilizado (2,2% no primeiro semestre), uma inflação superior a 20% e um consumo interno sustentado por programas de incentivos e ajustes salariais.

Choque e gradualismo

"Existe uma discussão dentro do Cambiemos - a aliança de Macri - sobre o quão súbita ou gradual serão feitas as mudanças que foram planteadas", afirma Sergio Morresi, politólogo e pesquisador do Conicet, o Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas da Argentina.

Macri estruturou sua campanha eleitoral com promessas de mudanças drásticas ante o gradualismo que propunha o peronista moderado Daniel Scioli. Mas à luz da realidade, seus planos podem mudar.

"Nas próximas semanas serão revistas quais as possibilidades de implementar essas mudanças de maneira tão drástica como se planejou originalmente, porque a situação econômica do país parece delicada", explicou Morresi.

Negociar

O PRO (Propuesta Republicana) de Macri é mais um dentro da aliança Cambiemos, onde o outro ator de peso é a força social-democrata Unión Cívica Radical.

No plano político, a negociação "será de dentro para fora", considerou Córdoba, ao citar que o PRO representa uma porção mínima no Congresso e também não tem governadores próprios, com exceção de María Eugenia Vidal, que ganhou na província de Buenos Aires, e a prefeita da capital argentina que governa desde 2007.

Também será importante o diálogo que pode abrir com o mundo sindical, sobretudo se optar por políticas de "choque" que podem ocasionar danos colaterais no social.

"É muito importante a relação de Macri com os sindicatos", disse o politólogo Rosendo Fraga, que prevê uma boa sintonia baseada em sua "capacidade de gerar acordos e somar a sua coalização um setor do peronismo que continua sendo o de maior força em termos de províncias, Congresso, legislatura provinciais e intendentes".


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