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Estado de Minas

China, doente por sua dependência de carvão


postado em 19/11/2015 15:40

A construção de uma gigantesca fábrica de extração de hidrocarbonetos a partir de carvão em Changzhi (norte), que irá emitir grandes quantidades de CO2 em um céu já escurecido pela poluição, ilustra a dependência da China em energia fóssil.

Apesar de não ter recebido a aprovação do ministério do Meio Ambiente, os construtores da usina de liquefação de carvão seguem em frente com o trabalho, no qual investiram bilhões de dólares.

Através da 'smog' (neblina com fumaça, ndlr) de Changzhi, na província de Shanzi, grande produtora de carvão, é possível observar as grandes chaminés da planta gigante.

A China é o maior poluidor do planeta e seu compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa será crucial para a Conferência de Paris sobre o Clima (COP21).

Em 2009, alguns observadores atribuíram o fracasso da conferência de Copenhague à relutância chinesa.

Diante de uma desaceleração da economia e episódios recorrentes de "arpocalipse" (nevoeiro), a China agora mostra sinais de boa vontade e elogia o "crescimento sustentável".

A China prometeu que atingirá o pico das emissões de CO2 até 2030, e logo depois elas começarão a cair.

Em 2013, as emissões chinesas foram responsáveis por entre 9.000 e 10.000 milhões de toneladas, quase o dobro dos Estados Unidos.

A China, maior produtor e consumidor de carvão do mundo, recentemente admitiu que havia subestimado o seu consumo de carvão.

Nos últimos anos, a China queimou centenas de milhões de toneladas de carbono do que mostravam as estatísticas, o que complica ainda mais os cálculos de redução.

Alguns especialistas acreditam que as emissões per capita da China já superam as da União Europeia.

O governo chinês, que insiste em diferenciar a "responsabilidade histórica" entre os países ocidentais e os países em desenvolvimento, não irá anunciar um novo alvo em Paris, apontou Alvin Lin, da ONG norte-americana Natural Resources Defense Council.

No entanto, acrescentou, o governo "reconhece a importância de medidas que mostrem seu papel na luta contra as alterações climáticas". Isso está em linha com "os esforços para contar a poluição".

"A energia renovável vai se desenvolver a uma taxa exponencial", afirma Lin.

As usinas hidrelétricas cobriam em 2014 quase um quinto da produção de eletricidade da China, enquanto a solar e a eólica respondeu por 3%.

O setor nuclear representava apenas 2%, mas conheceu um rápido desenvolvimento.

Mas a China ainda depende muito dos combustíveis fósseis: mais de 70% da eletricidade é produzida a partir do carvão. Em 2013, a China consumiu 4,2 bilhões de de toneladas de minério.

De acordo com a ONG Greenpeace, as autoridades chinesas aprovaram este ano a construção de 155 novas usinas de carvão. Uma usina de carvão é inaugurada por semana, praticamente.

A dependência de carvão gera uma poluição endêmica. As grandes cidades são regularmente coberta por uma névoa espessa marrom que gera um descontentamento crescente da população.

O objetivo que as emissões de CO2 começará a diminuir a partir de 2030 é credível, os especialistas acreditam, dada a desaceleração da economia e sua "reequilíbrio" para o consumo, serviços e tecnologias avançadas - em detrimento da indústria pesada tradicional, grande consumidor de energia.

Investimentos em energias renováveis também devem contribuir.

A maioria dos especialistas acredita que o uso do carvão pode estabelecer seu pico nos próximos cinco anos.

Li Shuo, do Greenpeace, acredita inclusive que o processo já está em andamento e que "as emissões de carbono podem chegar ao seu pico muito mais cedo do que o esperado".

No entanto, alguns especialistas estão preocupados com outros gases de efeito estufa, como o metano e os hidrofluorocarbonetos, que estão nos sistemas de refrigeração.

Além disso, existem dezenas de projetos de construção de plantas que fazem hidrocarbonetos a partir do carvão.

Essas emissões podem representar até um oitavo das atuais emissões da China, diz Greenpeace.

Atualmente, sete locais em regiões áridas do norte da China estão construindo usinas sem a permissão do governo, apontou Greenpeace.

Do lado de fora da obra de Changzhi, um trabalhador afirma que a planta começará a operar em breve.

"É um investimento de 30 bilhões de iuanes (4,8 bilhões de dólares). No final, vai receber a luz verde oficial", disse.


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