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Estado de Minas

Artur Mas, em guerra pela independência da Catalunha


postado em 28/09/2015 16:10

"Não voltaremos atrás", adverte desde 2013 o presidente da Catalunha, Artur Mas, que luta para conduzir à independência esta região do nordeste da Espanha. Agora, após sua vitória eleitoral no domingo, prepara-se para seguir este caminho.

Surgido do nacionalismo moderado da burguesia catalã, com uma reputação de pragmático, o político de 59 anos surpreendeu o mundo em 2012 ao se comprometer em empreender, "em total ausência da violência", um processo para formar "um novo Estado na Europa".

Mas quer iniciar este processo agora, com uma maioria pró-separatista no Parlamento regional, mas poderia perder sua liderança: precisa do apoio de um pequeno partido de esquerda radical, CUP, que não quer vê-lo como presidente.

Com uma postura impecável, este pai de três filhos, casado há mais de 30 anos, é apelidado de "guapo" (bonito), e em um programa satírico foi desenhado como um playboy hiperativo.

Em suma, é um líder afável, austero, que comparece constantemente perante a imprensa para expor - em catalão, espanhol, francês ou inglês - um "processo" separatista programado há muito tempo.

Nascido em Barcelona em 1956 em uma família de industriais, tinha 19 anos quando o ditador Francisco Franco morreu. "Eu nunca fui uma pessoa ligada ao movimento antifranquista", admite sobre sua juventude, também desprovida de uma "ideologia catalã".

Educado no elitista Liceu Francês, estudou economia e direito, dedicou-se à exportação de elevadores no negócio da família e, em seguida, fracassou como diretor de outra empresa que faliu.

Juntou-se ao partido liberal catalão do então todo-poderoso Jordi Pujol, presidente e símbolo da região entre 1980 e 2003, caído em desgraça em 2014 depois de admitir ter cometido fraude fiscal.

Na administração regional, provou ser um "funcionário eficaz", segundo seus próprios detratores. Pujol leh confiou o departamento de obras públicas e de economia antes de torná-lo seu herdeiro política, considerando-o "um homem preparado e sério".

"A questão é: como alguém percebido como um tecnocrata se torna um líder patriótico que é para alguns um exemplo de fidelidade à nação e para outros alguém que leva o desastre?", questiona o ensaísta Jordi Amat, especialista em nacionalismo catalão.

Mas recorda com frequência um momento-chave em 2006. Como líder da oposição na região, tentou concluir um pacto secreto com o primeiro-ministro espanhol, o socialista Jose Luis Rodriguez Zapatero: rebaixar a autonomia prevista em um novo estatuto regional e, em troca, o próximo governo da Catalunha seria presidido pelo partido que vencesse as eleições.

Mas venceu, mas a esquerda concordou em investir um presidente socialista. Sentiu-se "enganado" e "traído" quando a autonomia conquistada nesse estatuto foi parcialmente anulada em 2010 pelo Tribunal Constitucional, na sequência de um recurso apresentando pelo partido conservador de Mariano Rajoy.

No final de 2010, um ano antes de Rajoy chegar ao governo, Mas se tornou presidente da Catalunha em plena crise e executou cortes nos serviços públicos que atingiram sua popularidade. Ele exige maior financiamento para a região, mas Madri se recusa a negociar.

"Delírio messiânico"

Em seguida, "Mas propôs o 'direito de decidir' da Catalunha como um slogan mobilizador", lembra Amat.

Fervoroso, Mas se apresentou em 2010 como um dos "soldados derrotados a serviço de uma causa invencível: a liberdade da Catalunha", sempre "pacificamente".

Depois de uma manifestação pró-independência maciça em 2013, advogou pela "transferência da voz das ruas para a voz das urnas".

"Delírios messiânicos" para esconder seus cortes ou a mancha de corrupção em seu partido, protestam muitos de seus críticos.

De acordo com eles, Mas dividiu a sociedade catalã, ignorando aqueles que não querem a separação, e de representar um debate polarizado: uma Catalunha ansiosa pela liberdade contra uma Espanha eternamente opressiva. No entanto, alguns separatistas clássicos duvidam de seu compromisso com a independência.

"Uma vez terminado esse processo político, não tenho nenhum desejo especial para continuar a minha carreira política", disse na semana passada à AFP.

"Eu não tenho nenhuma ambição de ser o primeiro presidente do Estado catalão, quero ser o último presidente da autonomia catalã".

Mas agora seu destino está nas mãos da esquerda radical.


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