Atenas - Apesar de a Grécia enfrentar há seis anos sua pior crise financeira desde a Segunda Guerra, os partidos que disputam votos na eleição parlamentar deste domingo não discutem a austeridade nem prometem buscar o perdão da dívida, criar empregos públicos ou conceder isenções fiscais. Os líderes nas pesquisas, o esquerdista Syriza e o Nova Democracia, de centro-direita, estão resignados a aceitar, em diferentes graus, medidas como alta de impostos e outras reformas exigidas pelos credores internacionais do país.
O professor assistente Dimitri A. Sotiropoulos, que leciona Ciência Política na Universidade de Atenas, nota que o vencedor terá muito pouca margem de manobra. O terceiro pacote de ajuda foi apoiado por uma maioria folgada no Parlamento grego, com isso "não há nada em jogo nessas eleições", na avaliação dele.
Em janeiro, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, venceu com uma plataforma contrária às medidas de austeridade. Meses depois, porém, passou a ver essas medidas como inevitáveis para o país não naufragar. Com isso, obteve um acordo de 86 bilhões de euros (US$ 97 bilhões) com os credores, que exigiram, porém, contrapartidas como corte de gastos e aumento em impostos. Isso gerou uma revolta na coalizão governista, fazendo Tsipras perder sua maioria parlamentar. Diante da situação, ele renunciou e provocou a convocação de eleições antecipadas, que acontecem neste domingo.
A Grécia teve quatro eleições parlamentares e seis governos desde 2009. Muito provavelmente, o próximo governo será uma coalizão de três partidos, sendo dois deles siglas menores de centro, favoráveis à União Europeia. Uma possibilidade é que o partido Aurora Dourada, de extrema-direita, consiga votos suficientes para ter representação no Parlamento.
No próximo mês, o país já precisará passar por uma avaliação dos progressos nas reformas em andamento. A Grécia precisa concluir nos próximos dois meses o rascunho do orçamento de 2016 e também elaborar uma estratégia fiscal para os três anos seguintes. Até o fim do ano, deverá ainda monitorar um programa de recapitalização dos bancos. Analistas consideram difícil que tudo isso seja obtido, o que pode levar o país de volta à mesa de negociação com os credores. A economista-chefe da Manulife Asset Management, Megan Greene, afirmou que as novas negociações podem levar ainda a Grécia a deixar a zona do euro.
As pesquisas indicam que muitos dos 9,9 milhões de eleitores ainda estão indecisos ou podem nem votar. Fonte: Associated Press.
