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Estado de Minas

Sem espaço, refugiados palestinos usam criatividade para ampliar casas


postado em 07/04/2015 12:01

O palestino Nael Sherif observa de maneira atenta os operários que estão construindo o quarto andar de sua casa, uma reforma necessária para dar um pouco de espaços aos 43 membros de sua família que moram no mesmo imóvel.

Sherif sabe que não tem direito construir mais de dois andares. Por motivos de segurança, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) proíbe as construções muito altas no campo em que ele mora, na Cisjordânia ocupada.

Mas, 70 anos depois da chegada dos primeiros refugiados, várias gerações vivem concentradas em um espaço que virou um labirinto de becos lotados. E a ONU admite que o problema não tem solução.

Os pais de Nael chegaram ao campo de Jalazun, ao norte de Ramallah, em 1950. Na época, a família tinha 11 pessoas.

Agora, Nael, um pai de família de 40 anos, vive na mesma casa que os cinco irmãos e suas respectivas famílias. Eles são quatro vezes mais numerosos e, para alojar todos, se viram obrigados a cometer uma infração.

"Temos um problema de alojamento. Dormimos amontoados. Eu, por exemplo, tenho apenas um quarto para seis filhos e outro no qual durmo com minha mulher e outros dois filhos", explica.

"Como não podemos comprar terrenos fora do campo, meus irmãos e eu decidimos construir dois andares".

Campos superpovoados

Em Jalazun as construções são verticais porque é impossível fazer de outra maneira. O campo é cercado pela colônia israelense de Betel, que está em constante expansão. Quase diariamente, a proximidade provoca confrontos entre jovens refugiados e colonos ou soldados israelenses.

Mohamed Daud, de 23 anos, ficou ferido depois de receber um tiro durante um confronto. Agora se recupera em Jalazun, em um salão onde instalou uma cama. Ele mora na casa da avó Khadija, ao lado de 63 pessoas.

A mulher de 60 anos teve que usar a criatividade para alojar todos: a garagem virou uma sala de estar e ela construiu um terceiro andar.

"Não temos dinheiro para comprar terrenos em outro lugar", explica.

Atualmente, 14.000 pessoas moram em Jalazun, contra 2.500 em 1950. A superfície do campo, no entanto, não mudou: 26 hectares.

Sem muitos terrenos disponíveis disponíveis ao redor, muitos refugiados são tão pobres que não podem morar fora da casa atribuída pela ONU no momento de chegada de suas famílias, em fuga dos combates posteriores à criação do Estado de Israel.

O comitê que administra o campo alerta sobre os riscos da caótica multiplicação de construções, literalmente encaixadas entre mesquitas, escolas, lojas e prédios públicos.

A situação é similar nos 19 campos de refugiados da Cisjordânia, nos quais moram 226.000 pessoas, segundo a UNRWA.

ONU preocupada

"Em 1950, a UNRWA construiu casas com um quarto e uma cozinha para as famílias de cinco membros, e com dois quatros e uma cozinha para as famílias mais numerosas", recorda Mahmud Mubarak, que coordena o comitê de administração de Jalazun.

"Mas hoje, apesar do crescimento da população ser um enorme problema, a agência da ONU não se deu conta da gravidade da situação", acusa.

As construções precárias, sobre casas com cimentos inadaptados, podem provocar mortes, afirma Mubarak, que considera que a "maior parte dos habitantes já construiu acima dos dois andares autorizados".

"A UNRWA está muito preocupada com superpopulação nos campos, mais um dos numerosos problemas dos refugiados, o que cria dificuldades sociais e econômicas", afirmou o porta-voz da agência, Nader Dagher.

Mas ele explica que é impossível ampliar o perímetro do campo por conta das cidades cidades palestinas próximas.

Na realidade, a UNRWA esbarra, sobretudo, nas colônias israelenses que não param de crescer e na proximidade do muro de separação construído por Israel.


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