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Estado de Minas

O fantasma da 'Grexit'


postado em 19/02/2015 17:31

As difíceis negociações entre Atenas e seus parceiros europeus fazem ressurgir o fantasma de uma "Grexit", saída da Grécia da zona do euro. O cenário inédito traz múltiplas implicações para a Grécia, Europa e o sistema financeiro.

1 - É possível que a Grécia deixe a zona do euro?

A Comissão Europeia insiste em que a permanência de um país na união monetária é "irrevogável", baseando-se nos tratados europeus.

"Embora não haja uma cláusula que preveja a saída de um país da zona do euro, é possível encontrar uma construção jurídica que a permita", opina Janis Emmanouilidis, do European Policy Center.

Uma saída da zona do euro poderá passar por uma saída da União Europeia, possibilidade que é contemplada pelos tratados.

Segundo um cenário citado pelo Instituto Jacques Delors e abertamente debatido na Alemanha, se Atenas não cumprir com seus compromissos, a zona do euro e o Banco Central Europeu (BCE) poderão forçar a sua saída, restringindo as possibilidades de financiamento dos bancos gregos, obrigando Atenas a introduzir uma moeda paralela.

Até o momento, esse cenário não parece possível. O BCE prorrogou na quarta-feira, por duas semanas, o mecanismo de empréstimos de urgência que mantém com vida os bancos gregos.

O Instituto Jacques Delors contempla outros dois cenários:

- Uma decisão voluntária da Grécia de emitir sua própria moeda, desvalorizada em relação ao euro, para poder financiar a política social e anti-austeridade prometida pelo novo primeiro-ministro Alexis Tsipras, eleito no final de janeiro. A maior parte dos gregos, contudo, apoiam a permanência do país na zona do euro e a saída também não consta no programa do partido Syriza.

- Uma saída da zona do euro "por acidente", após um episódio de pânico bancário, que levaria à fuga de capitais, consequentemente, a um maior controle e, ainda, à emissão de uma divisa paralela.

2 - Quais seriam as consequências para a Grécia?

A Grécia teria que declarar a moratória da dívida e não teria mais acesso aos mercados financeiros. O país se ficaria à mercê dos "fundos abutres", ou obrigado a pedir ajuda financeira da China ou da Rússia, o que mudaria a situação geopolítica na Europa.

Por outro lado, o país teria a liberdade de desvalorizar a moeda. O ex-presidente francês Valery Giscard d'Estaing considera que a economia grega só pode se recuperar com uma moeda desvalorizada, fora do euro.

3 - Quais seriam as consequências na zona do euro?

Vários analistas acreditam que as consequências seriam agora menos nefastas do que se a Grécia tivesse abandonado a união monetária no pior momento da crise de 2012, já que desde então a zona do euro implementou um fundo de resgate, o Mecanismo Europeu de Estabilidade, e que o BCE está mais vigilante na proteção da moeda única.

A saída da Grécia seria custosa para os Estados que possuem dívida grega. Além disso, não se pode excluir um efeito dominó. "Quando famílias portuguesas ou empresas espanholas virem como os euros se transformaram em dracmas, retirarão dinheiro de suas contas e isso pode provocar uma retirada massiva de depósitos", avaliou o economista norte-americano Barry Eichengreen, no último fim de semana no Die Welt.

Em sua obra "Eloge de l'anormalité", Matthieu Pigasse, do banco Lazard, diz que "se um país, mesmo pequeno, sair da zona euro (...), será o fim da moeda única".


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