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Estado de Minas

Argentina abalada com morte de promotor que acusou Kirchner de acobertar Irã


postado em 19/01/2015 12:52

A Argentina acordou nesta segunda-feira comovida pela morte de Alberto Nisman, o promotor que acusou a presidente Cristina Kirchner de acobertar o Irã no caso do atentado de 1994 contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires.

A morte de Nisman, encontrado no domingo junto a uma arma em seu apartamento, parece um suicídio, declarou o secretário de Segurança, Sergio Berni, pouco depois que a promotora que investiga o caso pediu prudência.

O falecimento foi anunciado no mesmo dia em que Nisman deveria comparecer perante o Congresso para explicar sua denúncia contra Kirchner e o chanceler Héctor Timerman.

"A morte de Nisman não tem absolutamente nada de normal", declarou o secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández, ao se declarar chocado.

O promotor Nisman, de 51 anos, acusou na quarta-feira Kirchner, Timerman e outros funcionários de terem tramado uma manobra para acobertar o Irã por seu suposto envolvimento no atentado contra a AMIA que deixou 85 mortos e 300 feridos em 1994.

Naquele dia, Fernández, em nome do Governo de Kirchner, considerou a denúncia ridícula.

A promotora Viviana Fein, responsável pela investigação da morte de Nisman, confirmou seu falecimento por uma arma de fogo, calibre 22, encontrada junto ao seu corpo em um luxuoso edifício de Puerto Madero, em Buenos Aires.

O corpo do promotor foi encontrado por sua mãe, que foi contactada pelos seguranças pessoais dele - 10 agentes da polícia, no total - que alertaram a família diante de sua falta de resposta a telefonemas no domingo.

Nisman havia sido designado em 2004 por Néstor Kirchner como promotor especial para o caso AMIA, um ano após a anulação de um julgamento por irregularidades na investigação.

A denúncia

Nisman, divorciado de uma juíza e pai de duas filhas, interrompeu suas férias na Espanha e viajou à Argentina na semana passada para divulgar sua controversa denúncia.

O promotor pedia que Kirchner fosse indagada por ter favorecido em 2013 a assinatura de um Memorando de Entendimento entre Argentina e Irã para poder interrogar os acusados em um terceiro país e avançar em um caso estancado há 20 anos.

A acusação de Nisman foi o último de uma série de confrontos entre funcionários de alto escalão e a justiça argentina sobre o esclarecimento deste atentado.

Além da investigação, solicitou um embargo preventivo de bens no valor de 200 milhões de pesos (23 milhões de dólares) de Kirchner, de Timerman e de outros funcionários.

Segundo o promotor, a posição do governo de Kirchner obedecia ao seu interesse pelo petróleo iraniano para restabelecer relações comerciais de Estado a Estado.

O governo rejeitou a denúncia do promotor, chamando-o de mentiroso e atribuindo a atuação de Nisman a uma operação dos serviços de inteligência.

O presidente da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA), ONG que conta com a adesão de 140 instituições judaicas do país, disse: "Voltou a explodir a bomba do caso AMIA", e considerou esta morte uma catástrofe.

Já Israel expressou sua tristeza pela morte do promotor e pediu à Argentina que prossiga com a investigação do caso.

"O Estado de Israel expressa sua profunda tristeza pela trágica morte do promotor especial que investigava o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), Alberto Nisman", afirmou o porta-voz da chancelaria israelense, Emmanuel Nahshon, em um comunicado.

"Nisman, um corajoso jurista e combatente da justiça, trabalhou com grande determinação para identificar os executores e autores do ataque", acrescenta o texto.

Assassinato

A deputada opositora Patricia Bullrich afirmou que "um promotor morto antes de dar um relatório ao Congresso em um caso onde há terrorismo internacional me parece de uma enorme gravidade".

A deputada disse ter falado no sábado com Nisman três vezes e ele mencionou que havia recebido várias ameaças.

Elisa Carrió, líder da Coalizão Cívica, declarou que era um assassinato, que esta morte era previsível e não reconheceu a versão do suicídio.

Para sua audiência desta segunda-feira o promotor solicitava que seu comparecimento ocorresse em particular, mas parlamentares governistas exigiam que a audiência fosse pública e transmitida pela televisão.

No Twitter várias hashtags com palavras-chave do ocorrido apareciam entre as mais populares nesta segunda-feira, enquanto #Nisman e #CFKAsesina - as iniciais do nome da Presidente - se impunham entre os seguidores desta rede social.

Acusação vil

O governo argentino rejeitou a denúncia "vil" do procurador.

A assinatura de um memorando de entendimento com o Irã aumentou a tensão nas relações entre o governo de Kirchner e esta comunidade, integrada por 300.000 membros, a maior da América Latina.

O governo defendeu o acordo bilateral com o Irã para investigar os acusados de planejar o ataque. Cinco ex-funcionários iranianos, entre eles um ex-presidente, atuais ministros e líderes religiosos locais, têm uma ordem de captura internacional da Interpol a pedido da justiça argentina.


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