Grupos de defesa dos direitos humanos pediram, nesta terça-feira, o julgamento dos responsáveis por um programa de tortura da CIA muito mais brutal do que se supunha, após o Senado publicar um informe extenso sobre o caso.
Para as organizações humanitárias, o documento mostra que os métodos secretos usados pela CIA para extrair informação dos detidos após os atentados de 11 de setembro violaram repetidamente a legislação internacional e os direitos elementares.
"Os funcionários governamentais que autorizaram atividades ilegais devem ser julgados", afirma a ACLU. A Anistia Internacional afirmou que o informe deixa claro que a CIA atuou ilegalmente desde o primeiro dia e que os interrogatórios brutais não foram operações espontâneas fora de controle.
Steven Hawkins, diretor executivo da representação americana da Anistia Internacional, disse que o programa "deu sinal verde para cometer crimes puníveis pela lei internacional contra tortura e desaparecimentos forçados". "É hora de assumir responsabilidades, incluindo uma profunda investigação e ressarcimento das vítimas".
O diretor executivo da Human Rights Watch, Kenneth Roth, afirmou que o informe "mostra que os repetidos argumentos de que são necessárias medidas duras para proteger os americanos são uma ficção".
Roth reconheceu que a administração do presidente Barack Obama deu fim a muitas práticas descritas no documento., mas advertiu: "a menos que este importante processo de busca da verdade leve ao julgamento dos responsáveis, a tortura continuará sendo uma opção política para os futuros presidentes".
Nesta terça-feira, no entanto, parecia uma realidade distante que alguém fosse julgado. Um alto funcionário do departamento de Justiça disse que desde 2009 realiza investigações sobre maus-tratos a detentos e concluiu que não há provas suficientes para realizar uma condenação.
Os investigadores que revisaram o informe do Senado "não conseguiram informações além das que já haviam considerado antes de tomar suas decisões", acrescentou o funcionário.
