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Estado de Minas

'Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles', diz ministro das Relações Exteriores

Luiz Alberto Figueiredo, ministro das Relações Exteriores do Brasil, rebateu críticas feitas pelo governo de Israel após declaração brasileira que condenava os israelenses pela ofensiva em Gaza


postado em 24/07/2014 18:11 / atualizado em 24/07/2014 18:17

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, defendeu nesta quinta-feira a posição do governo brasileiro que, em nota divulgada na quarta, dia 23, condenou “energicamente o uso desproporcional da força” por Israel em conflito na Faixa de Gaza.

A posição brasileira foi criticada pelo governo de Israel e o país chegou a ser chamado de “anão diplomático” pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense. Em nota oficial, o ministério afirmou que as medidas não “contribuem para promover a calma e a estabilidade na região”, em vez disso, “estimulam o terrorismo, e, naturalmente, afetam a capacidade do Brasil de exercer influência”.

“O que eu li é que o Brasil é um gigante econômico e cultural, e é um anão diplomático. Eu devo dizer que o Brasil é um dos poucos países do mundo, um dos 11 países do mundo, que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU [Organização das Nações Unidas]. E temos um histórico de cooperação pela paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles, seguramente”, reagiu o chanceler brasileiro.

Figueiredo ainda reiterou a posição brasileira. “Condenamos a desproporcionalidade da reação de Israel, com a morte de cerca de 700 pessoas, dos quais mais ou menos 70% são civis, e entre os quais muitas mulheres, crianças e idosos. Realmente, não é aceitável um ataque que leve a tal número de mortes de crianças, mulheres e civis", disse o ministro. "E é sobre esse fato que essa nova nota fala”, ressaltou.

O ministro lembrou que, na semana passada, o Itamaraty já havia divulgado nota condenando o movimento islâmico Hamas pelos foguetes lançados contra Israel, e também Israel pelo ataque à Faixa de Gaza. “Israel se queixa que, na última nota, não repetimos a condenação que já tínhamos feito. A condenação que já tínhamos feito continua somos absolutamente contrários ao fato de o Hamas soltar foguetes contra Israel. Isso se mantém. Não há dúvida. Não pode haver dúvida disso”, afirmou Figueiredo.

Ele acrescentou que a última nota do Itamaraty não omite nada que foi dito antes. "Ao contrário,a gente pede o cessar-fogo imediato. Cessar-fogo quer dizer o quê? [Cessarem] os ataques das duas partes. Não há cessar-fogo unilateral, não é isso que a gente pede. A gente pede que as duas partes parem os ataques. Isso permanece.”

Segundo Figueiredo, as declarações do porta-voz da Chancelaria israelense não devem, porém, estremecer as relações de amizade entre os dois países. “Países têm o direito de discordar. E nós estamos usando o nosso direito de sinalizar para Israel que achamos inaceitável a morte de mulheres e crianças, mas não contestamos o direito de Israel de se defender. Jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das coisas”, destacou.

O chanceler também defendeu a posição brasileira assumida no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. O Brasil votou favoravelmente à condenação da atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e à criação de uma comissão internacional para investigar todas as violações e julgar os responsáveis.

“A maioria apoiou, inclusive a América Latina inteira. Nós estamos junto da nossa região e apoiamos, neste caso, uma investigação internacional independente para determinar o que aconteceu, o que está acontecendo. Eu acho razoável haver essa investigação internacional independente, e foi a favor disso que nós nos manifestamos.”

Críticas
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também reagiu à declaração inicial do governo brasileiro. “A Confederação Israelita do Brasil vem a público manifestar sua indignação com a nota divulgada pelo nosso Ministério das Relações Exteriores, na qual se evidencia a abordagem unilateral do conflito na Faixa de Gaza, ao criticar Israel e ignorar as ações do grupo terrorista Hamas”, destaca o texto.

“Uma nota como a divulgada nesta quarta-feira só faz aumentar a desconfiança com que importantes setores da sociedade israelense, de diversos campos políticos e ideológicos, enxergam a política externa brasileira”, criticou a Conib, representante da comunidade judaica brasileira, que disse compartilhar da preocupação do povo brasileiro e expressar “profunda dor pelas mortes dos dois lados do conflito”, além de também esperar um cessar-fogo imediato.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel Yigal Palmor disse que “Israel espera o apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países no mundo”. Jornais israelenses noticiaram críticas mais duras do porta-voz. De acordo com o jornal judaico The Jerusalem Post, Palmor disse que “essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático", e acrescentou que "o relativismo moral por trás deste movimento faz do Brasil um parceiro diplomático irrelevante, aquele que cria problemas em vez de contribuir para soluções". (Com Agência Brasil)


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