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Estado de Minas

Israel suspende negociações de paz após acordo entre grupos palestinos

País não reconhece o governo do Hamas e crê que união de grupos "mata a paz"


postado em 24/04/2014 17:31 / atualizado em 24/04/2014 18:11

Chefe do Fatah Azzam al-Ahmed conversa com primeiro ministro do Hamas em Gaza. Parceria irritou Israel(foto: SAID KHATIB/AFP)
Chefe do Fatah Azzam al-Ahmed conversa com primeiro ministro do Hamas em Gaza. Parceria irritou Israel (foto: SAID KHATIB/AFP)

Israel decidiu nesta quinta-feira suspender as negociações de paz com a Autoridade Palestina e sancioná-la após o acordo de reconciliação com o Hamas, mergulhando o processo de paz iniciado por Washington numa crise.

O secretário de Estado americano, John Kerry, que vinha tentando nos últimos meses salvar as negociações de paz retomadas em julho de 2013, pediu que as duas partes "façam compromissos". Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou à rede americana NBC que o acordo entre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), do presidente palestino Mahmud Abbas, e o movimento islamita Hamas para formar um governo de união "mata a paz".

O negociador palestino Saeb Erakat atribuiu o fracasso do processo de paz à política israelense de colonização nos territórios palestinos ocupados. Este acordo, que prevê a formação de um governo de consenso nacional com o Hamas, considerado por Israel "um grupo terrorista", e a realização de eleições no final de 2014, foi anunciado em plena crise nas negociações de paz que não atingiram nenhum resultado tangível desde que foram retomadas, em julho de 2013.

O anúncio da suspensão das negociações foi feito após uma reunião de cinco horas do gabinete de segurança reunindo Netanyahu e seus principais ministros. "O gabinete decidiu de forma unânime que o governo israelense não negociará com um governo apoiado pelo Hamas, uma organização terrorista que pede a destruição de Israel", indicaram os serviços do primeiro-ministro. "Além disso, Israel tomará uma série de medidas, respondendo, assim, às decisões unilaterais da AP" (Autoridade Palestina), acrescentaram, em referência a possíveis sanções.

"Acredito que o que aconteceu é um grande revés para a paz (...) O presidente Abbas deu um enorme passo para trás, ao concluir um pacto com o Hamas", disse Netanyahu à NBC. O Hamas, no poder em Gaza desde 2007 e que rejeita as negociações de paz com Israel, também é considerado uma "organização terrorista" por Washington e pela União Europeia.

'A porta não está fechada'

A ministra da Justiça Tzipi Livni, encarregada das negociações do lado israelense, ressaltou que seu governo "suspendia" as discussões e que "a porta não está fechada". Segundo ela, as medidas punitivas estipuladas foram bem "calculadas" e não causam "um desmoronamento da Autoridade Palestina".

Do lado palestino, Erakat culpou Israel pelo fracasso das negociações. "Pediu-se durante anos que o governo Netanyahu escolhesse entre a paz e as colônias, e ele as escolheu". Ele acrescentou à AFP que a Autoridade Palestina vai examinar "todas as opções" em resposta às decisões punitivas de Israel.

 

A liderança palestina vai se reunir neste fim de semana em Ramallah, na Cisjordânia, para discutir a crise. Entre as possibilidades analisadas pelos palestinos, está a adesão a novos tratados e organizações internacionais. Não é a primeira vez que as duas partes palestinas anunciam a formação de um governo de consenso. O Hamas e o Fatah, que tem sede na Cisjordânia, assinaram acordos de reconciliação em 2011 e 2012 para acabar com suas divisões, mas as eleições foram constantemente adiadas.

Erakat também acusou Israel de "roubo", já que impõe sanções contra a Autoridade Palestina congelando a transferência de impostos que recolhe em nome da Autoridade após os recentes pedidos de adesão da Palestina a 15 tratados e convenções internacionais. "Este dinheiro nos pertence (...) A decisão de bloquear os fundos palestinos é roubo e pirataria que a comunidade internacional deve impedir", declarou.

Abbas conversa com americanos

Abbas iniciou nesta quinta-feira suas consultas para formar o "gabinete de consenso" que ele dirigirá e que será formado por personalidades independentes. Ele recebeu o emissário norte-americano Martin Indyk, cujo país expressou sua "decepção" após o acordo de reconciliação e conversou por telefone com o secretário de Estado John Kerry, segundo fontes palestinas.

O departamento de Estado advertiu que a reconciliação palestina terá "evidentemente implicações" sobre a ajuda americana.

No exterior, a Turquia e a Tunísia comemoraram o acordo de reconciliação, enquanto o chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, expressou o apoio de sua organização a Abbas frente "às pressões israelenses". A UE também saudou o acordo entre os palestinos, mas advertiu que a prioridade é a manutenção das negociações com Israel. A França se disse preparada para trabalhar com um gabinete palestino que apoie o processo de paz.

A ONU indicou que apoia a unidade palestina com base no reconhecimento de Israel e da não-violência. De acordo com Jibril Rajub, ligado a Abbas, o "gabinete de consenso proclamará de maneira clara que aceita as condições do Quarteto" (Estados Unidos, Rússia, União Europeia, ONU) para o Oriente Médio. O grupo exige do Hamas que o reconhecimento de Israel e a renúncia à luta armada.


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