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Estado de Minas

O café pagará pela seca que afeta o Brasil


postado em 07/03/2014 15:10

O Brasil está sofrendo uma seca sem precedentes que provocará o primeiro déficit de produção em cinco anos no mercado mundial de café, do qual o país sul-americano é o primeiro produtor e exportador mundial.

O déficit de produção será "de ao menos 2 milhões de sacas" no período 2014-2015, declarou em uma coletiva de imprensa em Londres o diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), o brasileiro Roberio Oliveira Silva.

Cada saca tem 60 quilos.

As previsões são atribuídas, "em grande parte, à seca brasileira", explicou o diretor da organização que reúne os países produtores e que tem sua sede na capital britânia.

"Mesmo com o aumento esperado da produção colombiana, não prevemos um mercado equilibrado", concluiu Oliveira Silva ao término da reunião semestral da OIC.

"Sempre avisamos que existia um equilíbrio muito estreito no mercado e que qualquer coisa que afetasse a oferta prejudicaria o mercado", lembrou.

Oliveira Silva declarou que estão à espera de que as autoridades brasileiras comuniquem as perdas exatas na colheita para ter uma ideia mais precisa da escassez que está por vir, mas 2014-2015 será a primeira temporada de déficit no mercado após quatro de excedentes.

A Colômbia, quarta produtora mundial, teve em 2013 uma colheira de 10,9 milhões de sacas, 41% superior à de 2012, segundo dados da Federação de Cafeicultores do país, graças a um programa de renovação dos cafezais.

O Brasil é o primeiro produtor e exportador mundial e viveu em janeiro sua pior seca em décadas.

O estado de Minas Gerais, onde a maior parte dos cultivos de café do país se localizam, foi particularmente afetado por este tempo anormalmente seco, justo em pleno amadurecimento dos frutos, que serão colhidos a partir de abril.

Os analistas começaram a revisar suas previsões para a próxima colheita - a OIC disse que esperará dados do Brasil para se pronunciar. O gabinete F.O.Licht diminuiu em 15% sua previsão e estimou que a colheita será de 48 milhões de sacas.

"Parece uma seca quase sem precedentes. Olhamos os dados até os anos 1950 e não podemos encontrar dois meses como estes", declarou na coletiva de imprensa Peter Baker, especialista em mudanças climáticas e matérias-primas agrícolas da CABI, uma organização não governamental que assessora a OIC.

"Não posso lembrar uma seca similar afetando tanto café", insistiu Baker. A seca "está encolhendo as bagas, não crescem. Janeiro e fevereiro são particularmente importantes para que as bagas se encham e cresçam bem".

A escassez coincidirá com um período de expansão da demanda, com um crescimento estimado de 2,4% em 2013, segundo Mauricio Galindo, chefe de operações da OIC.

A perspectiva de escassez no mercado fez os preços dispararem e a variedade arábica - dois terços da produção brasileira - alcançou nesta semana seus preços mais altos em dois anos.

O preço superou os 2 dólares a libra em Nova York, enquanto a variedade robusta, que é cotada em Londres, alcançou 2.136 dólares a tonelada, seu valor mais alto em quase um ano.

"Os mercados esperam claramente um déficit da oferta e um aumento adicional dos preços", estimou o Commerzbank em seu boletim de análises.

Em menor medida, o açúcar também será afetado pelo calor brasileiro e na quinta-feira alcançou seu preço mais alto em quatro meses, ao se situar em 490 dólares a tonelada em Londres e 18,47 centavos a libra em Nova York.


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