As negociações entre os islâmicos no poder na Tunísia e a oposição para nomear um primeiro-ministro e tirar o país da crise política foram suspensas diante da falta de acordo, anunciou o mediador, o sindicato UGTT, nesta segunda-feira.
"Decidimos suspender o diálogo nacional até poder encontrar um terreno favorável para seu sucesso", declarou o secretário-geral da UGTT, Hucine Abassi, na conclusão de uma nova rodada de negociações.
"Não conseguimos alcançar um consenso sobre a pessoa que dirigirá o governo. Tentamos resolver as dificuldades, mas não houve consenso", afirmou Abassi.
Os representantes do Partido islâmico Ennahda, seus aliados e os da oposição já haviam fracassado no último sábado. Essa era a data-limite fixada pela classe política para designar um primeiro-ministro independente que formasse um gabinete apolítico encarregado de dirigir o país nas próximas eleições.
O Ennahda defendeu com firmeza seu candidato Ahmed Mestiri, de 88, um veterano da política a quem a oposição considera muito fraco e de idade avançada para governar.
"Não vemos uma alternativa para Ahmed Mestiri", afirmou Rached Ghanuchi, dirigente do Ennahda, depois desse novo fracasso.
A oposição, que preferia outro veterano, Mohamed Enaceur, de 79, declarou que fez outras propostas, mas que não prosperaram.
Esse "diálogo nacional" tenta tirar Túnis do ponto morto, no qual se encontra desde o assassinato, em 25 de julho, do deputado de oposição Mohamed Brahmi. O homicídio foi atribuído ao movimento jihadista.
Os islâmicos do Ennahda assumiram a liderança do governo nacional em eleições democráticas realizadas depois da queda do presidente Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro de 2011. A Tunísia é considerada o berço do grande movimento de contestação que varreu vários governos autoritários no norte da África e no Oriente Médio, chamado de Primavera Árabe.