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Estado de Minas

Xisto, uma ameaça para o petróleo do Golfo


postado em 26/09/2013 19:55

A exploração de petróleo e gás de folhelho (conhecido como xisto), em pleno auge, representa uma ameaça para os países exportadores de petróleo do Golfo tanto por seu impacto no mercado como por suas consequências geopolíticas, opinam analistas.

Um influente e multimilionário príncipe saudita, Al Walid ben Talal, fez soar o alarme em julho ao dizer que a demanda mundial de petróleo está "em constante queda" e mencionou a ameaça que representam os hidrocarbonetos alternativos.

Contudo, o crescimento econômico da Ásia, que sustenta a demanda energética, fará com que o petróleo do Golfo não seja ameaçado nos próximos anos.

"A médio prazo, a Arábia Saudita manterá uma posição central no mercado de petróleo mundial, determinada tanto pela oferta como pela demanda", afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em uma nota recente sobre o maior produtor da Opep.

A instituição internacional alertou, entretanto, que a "revolução de xisto na América do Norte" pode reduzir a demanda de produtos petrolíferos, como aconteceu com o consumo de carvão nos Estados Unidos.

As monarquias do Golfo transformaram estas enormes riquezas energéticas em armas políticas regionais com seus generosos programas de subsídio.

A Arábia Saudita é um produtor-chave, que pode aumentar ou reduzir a produção, incidindo nos equilíbrios e preços.

O especialista em petróleo kuwaitiano Kamil Harami considera que o xisto é uma ameaça para os países árabes petroleiros, incluindo o Iraque, que têm 40% das reservas mundiais.

"Os produtores do Golfo vão ser afetados tanto a curto como a médio prazo", disse à AFP este especialista, que destacou que se espera que os Estados Unidos se transformem no maior produtor de petróleo do planeta até 2017 e que até 2030 seja um país autossuficiente e um exportador líquido.

A exploração de hidrocarbonetos não convencionais se desenvolveu rapidamente nos Estados Unidos, cujas reservas de petróleo de xisto chegam a 58 bilhões de barris, segundo a agência norte-americana de estatísticas de energia (US Energy Information Administration).

A Agência Internacional de Energia (AIE, que representa os interesses dos grandes países consumidores industrializados da OCDE) considera que as reservas americanas de petróleo de xisto são as segundas mais importantes do mundo depois das da Rússia (75 bilhões de barris).

Os Estados Unidos contam também com 665 trilhões de pés cúbicos de gás de xisto tecnicamente exploráveis, segundo a AIE, o que os situa no quarto lugar da lista atrás de China, Argentina e Argélia.

"Cerca de um terço da produção de gás do Catar era destinada aos Estados Unidos, mas isso mudou" devido ao crescimento da produção norte-americana de xisto, disse Harami.

O Catar se transformou em 2010 no primeiro produtor mundial de gás natural liquefeito (GNL), com uma capacidade de produção de 77 milhões de toneladas por ano.

Kamil Harami lembra que a Arábia Saudita decidiu adiar seu projeto de aumentar sua capacidade de produção de petróleo a 15 milhões de barris diários (mbd) a partir dos 12 mbd atuais.

A produção de petróleo dos Estados Unidos chegou a 7 mbd, graças ao petróleo de xisto e suas importações caíram abaixo dos 8 mbd, segundo a AIE.

A Arábia Saudita exportou nos primeiros dez meses de 2012 cerca de 1,4 mbd de petróleo dos Estados Unidos, ou seja, 16% das importações deste país cujo principal fornecedor é o Canadá.

Em 2012, os países asiáticos absorveram 54% dos 7,5 mbd de petróleo exportados pela Arábia Saudita.

"A demanda de petróleo saudita e do Golfo continuará sendo provavelmente alta a médio prazo, devido ao crescimento asiático", prediz Monica Malik, economista chefe do banco de investimentos EFG-Hermes Emirates.

Contudo, "a dependência de uma só região gera riscos em caso de desaceleração econômica", alerta.

"A produção de petróleo e gás de xisto é cara e deixa de ser rentável se os preços caem abaixo de certo nível", acrescenta Malik.

Harami afirma que alguns países como a China ponderam explorar suas reservas de xisto.

Os países árabes do Golfo têm outro desafio: o crescimento do seu próprio consumo de energia.

O príncipe Al Walid, que informou que 92% das receitas do reino vêm do petróleo, defende o desenvolvimento da energia nuclear e das energias renováveis para reduzir o "quanto antes" o consumo interno de petróleo.

Na Arábia Saudita, o consumo de produtos petrolíferos aumenta de 8 a 10% por ano, segundo Harami, que o estima em 4 mbd.

Este especialista aconselha os países do Golfo a reduzir os subsídios aos produtos petrolíferos para racionalizar o consumo em vez de "se lançar às caras energias renováveis e à energia nuclear de risco".


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