Relação dos principais acontecimentos no Cairo, nesta quarta-feira, onde cerca de 280 pessoas foram mortas durante a dispersão de simpatizantes do ex-presidente Mohamed Mursi organizada pelo Exército.
-- QUARTA-FEIRA, 14 AGO --
- Hoje cedo, as forças de segurança invadiram as praças Rabaa al-Adawiya e Nahda, no Cairo, onde milhares de islamitas estavam acampados há um mês para reivindicar o retorno do ex-presidente Mursi, afastado do poder e preso pelos militares desde 3 de julho.
Os manifestantes pró-Mursi estavam entrincheirados em barricadas com crianças e mulheres nas duas praças. Imagens de emissoras de televisão mostram máquinas derrubando as barreiras feitas de pedras e sacos de areia.
- Duas horas depois do início da operação, o Ministério do Interior anuncia que a praça Nahda está "totalmente sob controle".
Na praça Rabaa, tiros de arma automática ressoam e uma chuva de bombas de gás lacrimogêneo se abate em ambos os acampamentos.
- No início da tarde, na praça Rabaa al-Adawiya, onde está o mais importante dos dois acampamentos, um jornalista da AFP contabiliza pelo menos 124 corpos em um necrotério. Várias vítimas foram mortas a balas.
A Irmandade Muçulmana anuncia que a filha de 17 anos de um de seus principais líderes, Mohammed al-Beltagui, foi morta a tiro. Ao todo, os Irmãos falam em mais de 2.200 mortos e pelo menos 10 mil feridos, enquanto que as autoridades confirmam 149 mortos. O governo alega também que os manifestantes abriram fogo contra a polícia.
Um cinegrafista do canal britânico Sky News também é morto a tiros.
- A invasão deflagra surtos de violência em todo o país, e os Irmãos Muçulmanos convocam manifestações para "pôr fim ao massacre". O governo anuncia que o tráfego ferroviário de e para o Cairo está interrompido.
Atritos em diferentes bairros do Cairo e em outras cidades do país. Em Alexandria (norte), trocas de tiros de arma automática.
Nas províncias de Minya e Sohag (centro), simpatizantes pró-Morsi queimam igrejas da comunidade copta.
- A presidência decreta estado de emergência por um mês em todo o país. O governo também impõe toque de recolher no Cairo e em outras 13 províncias.
- O vice-presidente Mohamed ElBaradei renuncia ao cargo. O imã de Al-Azhar, mais alta autoridade do Islã sunita, retira seu apoio à operação.
- No início da noite, uma autoridade de segurança afirma que a praça Rabaa al-Adawiya está, a partir de agora, "totalmente sob controle" das autoridades. Antes, centenas de simpatizantes de Mursi tinham deixado Rabaa.
- O primeiro-ministro Hazem Beblawi garante que a polícia agiu de forma "bastante comedida".
- O secretário-geral da ONU "condena nos termos mais duros as violências registradas no Cairo, quando os serviços de segurança egípcios recorreram à força" contra os manifestantes.
A Casa Branca condena "com força" o uso da violência e se opõe ao estado de urgência. Já o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, pede ao Exército que convoque eleições e considera o banho de sangue "deplorável".
A Turquia também denuncia o "massacre" e pede ação da comunidade internacional. Já a França exige o "fim imediato da repressão".