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Estado de Minas

Comissão vai pôr ordem nas contas da Santa Sé

Francisco cria grupo de laicos para apresentar propostas de reformas administrativas e econômicas na Santa Sé


postado em 20/07/2013 00:12 / atualizado em 20/07/2013 08:28

Renata Tranches


Brasília
– Assim que retornar do Brasil, o papa Francisco tem na agenda um importante compromisso. Ele terá a primeira reunião com a comissão que criou, ontem, para encontrar propostas de reformas nos departamentos econômico e administrativo do Vaticano. O grupo é formado por laicos de várias nacionalidades – peritos em assuntos jurídicos, econômicos, financeiros e administrativos, acostumados a trabalhar com a Igreja. Entre eles, há apenas um membro da Cúria, o monsenhor Lucio Angel Vallejo Balda, atual secretário da Prefeitura dos Assuntos Econômicos. A medida de Francisco é mais um passo na sua promessa de fazer reformas em Roma, encampada em março, assim que chegou ao mais alto posto da Igreja Católica, depois da histórica renúncia de Bento XVI.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, explicou que a comissão – chamada Pontifícia Comissão para a Referência sobre a Estrutura Econômica-Administrativa da Santa Sé – se reportará diretamente ao papa. Suas principais missões serão "oferecer apoio técnico" e "desenvolver soluções estratégicas" para ajudar o Vaticano a simplificar e a melhorar a coordenação de seus "recursos, orçamentos, propriedades e bens", além de criar uma "organização mais cuidadosa das atividades econômicas de todos os escritórios administrativos" da Igreja.

As primeiras impressões da comissão deverão ser apresentadas ao pontífice assim que ele retornar do Rio de Janeiro, em 29 de julho. "A comissão dará início aos trabalhos o mais rápido possível", disse Lombardi. A equipe deverá prestar apoio ao "Grupo de Oito" cardeais na elaboração de uma reforma "da Cúria Romana, por meio da revisão da Constituição Apostólica Pastor Bonus". O novo grupo será presidido pelo religioso da Opus Dei, Jospeh Zara, de Malta. Entre os membros, além de outro espanhol, há dois franceses, um alemão, um italiano e um cingapuriano.

RESISTÊNCIA Na opinião do professor Valeriano Santos Costa, diretor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), por não serem de dentro da Cúria Romana, os integrantes poderão encontrar alguma resistência. Mas o fato de se reportarem diretamente ao papa deverá dar poder de trânsito aos consultores. Nesse contexto, o papel de Balda será crucial na missão de coletar as informações e documentos necessários ao trabalho do grupo. "É algo que vai ficar sob o controle dele (papa), que pretende melhorar a transparência e a aplicação correta dos princípios contábeis. Sabemos que (temas financeiros) são meio nebulosos, mesmo que não se possa culpar diretamente ninguém. Mas o papa tem desejo profundo de reformar isso", comentou Costa.

A comissão é a terceira entidade independente criada pelo papa desde o conclave, em março, com o objetivo de reformar os serviços centrais da Igreja. A primeira foi o Grupo de Oito, formada em abril para aconselhar o pontífice em assuntos burocráticos. Em junho, o pontífice selecionou um corpo de cinco conselheiros para revisar as atividades do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), também conhecido como o banco do Vaticano. Todas as três comissões devem se reportar diretamente ao papa Francisco. Além disso, há nove dias, foi tornada pública a maior mudança no código penal já feita na história do Vaticano. As alterações incluíram pontos polêmicos, como a pedofilia e a lavagem de dinheiro. A legislação passou a ter validade para toda a Santa Sé, incluindo núncios e representantes da Igreja.

Desde sua escolha, o papa Francisco vive sob a expectativa de projetar novos rumos para a Igreja Católica, abalada por escândalos financeiros e sexuais. Costa acredita que o pontífice está indo "até rápido", especialmente ao considerar que ele tem lidado com temas "cristalizados". Sua urgência, disse, tem a preocupação de redirecionar o foco do Vaticano para o serviço pastoral, em vez de ser "um Estado de governo". "Seu desejo de transparência é para que a Igreja tenha mais voz hoje no mundo, sobretudo moral."


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