O secretário-geral da presidência afegã, Karim Joram, afirmou que a abertura do escritório político dos talibãs em Doha é resultado de um complô criado provavelmente pelos Estados Unidos ou pelo Paquistão para dividir o Afeganistão.
"A abertura deste gabinete no Qatar e a forma como ocorreu são consequência de um complô, mas desbaratamos este complô que estava destinado a dividir ou destruir o Afeganistão", declarou Joram em uma entrevista divulgada nesta semana pela rede de televisão local 1TV.
Os talibãs abriram este escritório no dia 18 de junho na capital do Qatar, mas o fecharam provisoriamente na semana passada, já que a iniciativa se mostrou até o momento contraproducente.
A instalação desta representação talibã em Doha foi acolhida pelos Estados Unidos como uma oportunidade para avançar nas negociações de paz, mas irritou o presidente afegão, Hamid Karzai.
"O Paquistão é o principal apoio dos talibãs", acrescentou Joram.
"Estamos preocupados (...) pelas estreitas relações que existem entre os Estados Unidos e o Paquistão, em particular sobre temas ligados ao Afeganistão", acrescentou Joram.
"Não posso afirmar 100%, mas vocês mesmos podem entender que um destes dois países está por trás do complô", disse.
As declarações do secretário-geral da presidência afegã sugerem que Washington e Islamabad teriam tentado utilizar o escritório talibã em Doha para solucionar o conflito afegão, confiando a responsabilidade do sul e do sudeste do país aos insurgentes expulsos do poder em 2001.