Médicos de El Salvador realizaram nesta segunda-feira uma cesariana em Beatriz, a jovem com lúpus cujo bebê tinha má-formação cerebral, após várias tentativas frustradas de se obter uma autorização para o aborto terapêutico.
"Nos informaram que Beatriz está bem". A menina nasceu com vida "mas dizem que é doloroso vê-la", informou à AFP Morena Herrera, presidente da ONG Grupo Cidadão pela Descriminalização do Aborto Terapêutico e Ético (ACDATEE).
Posteriormente, a ministra da Saúde, María Isabel Rodríguez, comunicou que "o bebê faleceu após cinco horas de sobrevivência, apesar dos esforços dos médicos".
Segundo a ministra, Beatriz "se encontra estável" após a cesariana, realizada na tarde desta segunda-feira no hospital da Maternidade de San Salvador
Em El Salvador todo tipo de aborto é proibido, incluindo o terapêutico.
O caso de Beatriz (nome fictício para proteger a identidade da jovem), que recorreu à Sala Constitucional da Suprema Corte de Justiça para realizar um aborto terapêutico, o que lhe foi negado, atraiu a atenção mundial e mobilizou dezenas de organizações de defesa da mulher.
Beatriz, mãe de uma criança de um ano e portadora de lúpus eritematoso discoide, uma doença que debilita o sistema imunológico, lutou para obter a autorização do aborto terapêutico alegando risco à própria vida, mas teve o pedido negado na Justiça.
O pedido também se baseou no fato de que o feto apresentava má-formação cerebral.
Em El Salvador, o aborto é punido com até 50 anos de prisão.
Na quinta-feira passada, o caso ganhou repercussão mundial com a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, sediada em San José, de determinar a El Salvador a adoção de medidas para proteger a vida da jovem.
"Devido às condições de saúde da mãe, esta gravidez atenta contra sua vida, o que exige medidas extremas e urgentes para salvaguardar sua saúde", decretou a Corte regional.
A Anistia Internacional também se pronunciou para qualificar de "vergonhosa e discriminatória" a decisão do Supremo de El Salvador de impedir o aborto.