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Estado de Minas

Onda de protestos se alastra na Turquia

Manifestação pacífica contra corte de árvores ganha proporção e paralisa o país desde sexta-feira. Revolta é a maior contra o primeiro-ministro desde 2002


postado em 03/06/2013 00:12 / atualizado em 03/06/2013 07:33


Istambul/Ancara – A Turquia vive, há quatro dias, uma série de manifestações por todo o país, um dos maiores protestos contra o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan. No início da madrugada de hoje, as forças de segurança ainda usavam bombas de gás lacrimogêneo e canhões d’água para repelir os manifestantes em Istambul, em Izmir, e na capital, Ancara. O levante se espalhou por 67 cidades e deixou o Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) em uma situação complicada.

Até o fechamento desta edição, os confrontos entre agentes e manifestantes teriam deixado cerca de mil feridos em Istambul e 700 em Ancara, de acordo com Associação de Médicos da Turquia. A Anistia Internacional anunciou a morte de pelo menos dois civis, mas um funcionário de uma rádio pró-ativistas admitiu à reportagem que 10 pessoas teriam morrido. As autoridades não reconhecem a existência de mortos e contabilizam 173 feridos, sendo 58 civis e 115 oficiais.

A onda de revolta teve início na sexta-feira, devido a um projeto de renovação do Parque Taksim Gezi em Istambul, que previa o corte de 600 árvores, para abrigar uma mesquita e a réplica de uma fortificação otomana.

O que era para ser um movimento pacífico tomou outras proporções e houve embate com a polícia, acusada pelos manifestantes de usar violência com o lançamento de gás lacrimogênio. Erdogan chegou a suspender a força policial no sábado, na tentativa de acalmar os ânimos da população, mas foi em vão. O protesto ganhou as ruas de outras cidades e o país foi tomado por diversas ações.

Foram registradas 235 manifestações em toda a Turquia e 1,7 mil pessoas detidas. Ontem, o ministro do Interior Muamer Guler anunciou que a maioria foi liberada. Em Ancara, mil manifestantes precisaram deter sua marcha diante das barricadas policiais quando tentavam se dirigir ao gabinete do primeiro-ministro.

Esta é uma das maiores revoltas contra Erdogan desde sua chegada ao poder, em 2002. Ele acusou ontem o principal partido secular de oposição – Partido Popular Republicano, criado em 1924 por Mustafa Kemal Ataturk – de estimular a onda de protestos contra o governo, ao mesmo tempo que dezenas de milhares de manifestantes se reagrupavam em Istambul e Ancara. “Achamos que o principal partido de oposição, que está fazendo chamados à resistência em cada rua, está provocando os protestos”, disse Erdogan na TV turca.

IDEOLOGIA“Essa reação não é mais contra o corte de árvores. Isso é baseado em ideologia”, afirmou Erdogan, cuja visão conservadora de nação irrita muitos turcos liberais. Sobre a planejada mesquita, ele acrescentou: “Obviamente eu não vou pedir permissão ao Partido Popular ou a alguns saqueadores”, disse ele, em referência aos manifestantes. Erdogan emendou, afirmando que ele seguirá com o plano de obras na Praça Taskim. “Vamos ficar aqui até o fim”, afirmou um rapaz identificado como Akin, que permaneceu na praça nos últimos quatro dias. “Não vamos embora. Estamos cansados desse governo opressor nos colocando constantemente sob pressão”, disse ele.

A agressividade da polícia deixou os turcos e os turistas chocados. Organizações internacionais de direitos humanos protestaram contra a ação policial.


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