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Estado de Minas

Um milagre com nome de Reshma: Sobrevivente é encontrada 17 dias após desabamento


postado em 11/05/2013 00:12 / atualizado em 11/05/2013 09:27

(foto: STRDEL / AFP)
(foto: STRDEL / AFP)

Durante 408 horas, a escuridão e o medo foram companheiros da costureira Reshma Begum, de 19 anos. Sob os escombros do complexo de fábricas de confecções Rana Plaza, em Savar — subdistrito a 29km de Daca –, ela apelou a Deus por ajuda. "Escutei o barulho dos equipamentos de resgate e confiava que Alá me salvaria da devastação", contou ela à imprensa local, de um leito na unidade de terapia intensiva do Hospital Militar Combinado (CMH, pela sigla em inglês). A salvação veio na tarde de ontem (hora local), após o som fraco da voz de Reshma atravessar as toneladas de concreto e chegar aos ouvidos do socorrista Muhammad Ferdaus Hasan. Com a ajuda de um graveto e de uma barra de ferro, a jovem orientou os profissionais envolvidos no resgate, facilitando sua localização. De acordo com os médicos, Reshma praticamente está ilesa e já é capaz de caminhar.

Dezessete dias depois, a escuridão deu lugar à claridade e uma nova chance à vida. "Foi muito ruim para mim. Nunca sonhei que veria a luz do sol novamente", comentou Reshma, que trabalhava no terceiro andar do prédio de 11 andares. A certeza de que a morte se aproximava ficou mais forte quando três colegas, também soterrados, começaram a se calar, um a um. Até o fechamento desta edição, 1.042 corpos haviam sido retirados – 130 somente anteontem. Pelo menos mil pessoas ainda estariam desaparecidas. Outras mil sofreram graves ferimentos, incluindo amputações no próprio local do pior desastre industrial da história de Bangladesh, ocorrido em 24 de abril.

Presa em meio às ruínas do porão de uma mesquita, no vácuo entre uma viga e uma coluna, Reshma contou com a sorte para se manter respirando. "Eu tinha uma pequena quantidade de água e encontrei algum alimento desidratado, que comi por 15 dias. Depois, bebi as gotas da água que passavam pelas frestas dos escombros, até que minha comida acabou. Nos últimos dois dias, eu estive faminta e já não tinha nada para comer ou beber", relatou. "Eu me arrastei através de uma passagem estreita para um local seguro, removendo alguns destroços com um graveto. Gritei por socorro, mas ninguém me ouviu." Reshma estava pálida e abatida quando os socorristas conseguiram puxá-la e colocá-la na maca. Voluntários e membros da Defesa Civil levantaram suas mãos, choraram e gritaram: "Deus é grande!". Por meio de um alto-falante, um homem gritou: "Alá, você é o melhor, você pode fazer qualquer coisa. Por favor, permita-nos resgatar a sobrevivente encontrada".

ESPECIALISTAS Por e-mail, Claude Piantadosi, médico pneumologista da Duke University (Carolina do Norte), confirmou que o fato de os ferimentos em Reshma serem superficiais ajudou-a a se manter viva. "Traumas graves fariam com que ela perdesse sangue. Nesse caso, os fluidos corporais não seriam repostos sem uma nutrição adequada. Um adulto saudável (sem lesões ou doenças) pode viver até seis semanas sem comida", explicou o especialista. Segundo ele, o principal obstáculo para a sobrevivência é a falta de água. "Uma pessoa pode viver somente quatro ou cinco dias sem água, a uma temperatura externa amena. Se estiver frio e ela for privada do sol, pode aguentar sete ou oito dias. Como Reshma resistiu por 17 dias, ela deve ter encontrado pequenas quantidades de água para beber, talvez daquela usada para apagar focos de incêndio ou controlar a poeira. O líquido pode ter escorrido até ela. Seria necessário meio litro por dia para mantê-la por esse período. Reshma precisou suar para manter a temperatura corporal amena no calor. Por isso, deve ter precisado de mais de um litro por dia", acrescentou. Especialista em balanceamento da água no organismo e professor da George Washington University, Randall Packer acredita que Reshma permaneceu o tempo todo numa área protegida. "Ela não teve escombros pressionado-lhe o corpo", aposta.


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