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Estado de Minas

Mulheres são recebidas pela família após serem mantidas em cativeiro por 10 anos

Ariel Castro é indiciado por sequestro e estupro de Amanda Berry, Michelle Knight e Georgina DeJesus


postado em 09/05/2013 00:12 / atualizado em 09/05/2013 07:32

Recomeçar a vida e amenizar as sequelas sofridas nos últimos 10 anos, que parecem ter saído de um roteiro de filme de terror. Georgina DeJesus, desaparecida aos 14 anos, em 2004; e Amanda Berry, capturada na véspera de seu aniversário de 17 anos, em 21 de abril de 2003, deram um passo nessa direção, quando familiares prepararam uma recepção emocionante para as jovens, em Cleveland (Ohio). Vestida com um casaco amarelo, Georgina sinalizou com o polegar direito, ao chegar à sua casa, da qual não mais se lembrava. "A única coisa que fiz foi agarrá-la e abraçá-la", afirmou a mãe, Nancy Ruiz. "Eu tive coração e alma para lutar, a fim de presenciar esse dia", completou o pai, Felix DeJesus. Balões, flores e fotos enfeitavam a residência dos Berry. Horas antes, Amanda e a filha de 6 anos, Jocelyn, nascida no cativeiro, entraram pelos fundos. "Estamos tão felizes por ter a Amanda em casa! Pedimos privacidade para nos recuperarmos", declarou a irmã, Beth Serrano. Michelle Knight, sumida aos 18 anos, em 2002, permanecia hospitalizada. Trancadas no porão da casa de um porto-riquenho e obrigadas a se transformarem em escravas sexuais, as três foram libertadas no fim da tarde de segunda-feira.


A promotoria de Cleveland denunciou Ariel Castro, de 52 anos, por quatro acusações de sequestro e três de estupro. Seus irmãos, Pedro (de 54 anos) e Onil (de 50), também foram detidos, mas não responderão por qualquer crime. "Não há nada que nos leve a crer que eles estivessem envolvidos ou tivessem conhecimento disso", disse o subchefe da polícia da cidade, Ed Tomba. "Nós não descobrimos fatos que os vinculem ao crime." Os investigadores confirmaram a apreensão de cordas e de correntes encontradas dentro do imóvel. Um suposto bilhete de suicídio, escrito anos atrás por Ariel, chamou a atenção das autoridades. Na mensagem, o porto-riquenho afirma ser viciado em sexo, fala dos problemas familiares e lembra a infância marcada pela pobreza. Também culpa as três mulheres por terem entrado em seu carro nos dias dos sequestros. Forçadas a usarem coleiras e submetidas a sessões de espancamento, Amanda, Georgina e Michelle foram "treinadas" para não fugir. Por várias vezes, Ariel fingiu ter saído de casa para surpreender as mulheres e torturá-las, em caso de fuga.

MANIPULAÇÃO
"Ariel Castro usou o medo e a intimidação como as principais formas de controle das reféns. Ele ameaçava as mulheres para que não fugissem. E prometia recompensá-las, caso cooperassem. Era uma manipulação física e emocional bastante sólida", explicou por telefone Timothy A. Dimoff, um renomado consultor de segurança em Ohio, ex-detetive e agente federal. De acordo com ele, o sequestro das três mulheres tinha como motivações a submissão e o abuso sexual. "Depois de 10 anos de estupros, jamais se recuperarão completamente do trauma. Precisarão aprender a se reajustar ao mundo real. Mas algumas das cicatrizes jamais se fecharão", comentou Dimoff. "Raptos com fins sexuais são muito mais comuns nos Estados Unidos do que se imagina."

Diretora da Aliança de Ohio pelo Fim da Violência Sexual, Katie Hanna destaca a importância de dar a Georgina, Amanda e Michelle um espaço para começarem o processo de cura. "Essa história pode ser um estopim e um lembrete para outras vítimas que sobreviveram a crimes similares. Para que a recuperação ocorra, precisamos devolver a essas mulheres o poder para tomarem as próprias decisões sobre quais experiências desejam compartilhar, quando e com quem", afirmou por e-mail.


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