Investigadores estão em busca de outros possíveis suspeitos vinculados ao atentado na Maratona de Boston, informaram legisladores americanos este domingo.
"Ainda há possíveis suspeitos nos Estados Unidos com os quais o FBI gostaria de conversar", declarou o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, Mike Rogers, ao programa "This Week", da ABC. O representante republicano de Michigan recusou-se a apontar quantas pessoas estariam no radar das autoridades.
Dutch Ruppersberger, o democrata de mais alto nível no painel, disse que os investigadores estavam fazendo varreduras em registros telefônicos ocorridos antes e depois das duas explosões em 15 de abril, que mataram três pessoas e deixaram mais de 260 feridos.
As autoridades identificaram dois irmãos - Tamerlan e Dzokhar Tsarnaev - como os suspeitos.
Tamerlan morreu em troca de tiros com a polícia dias depois dos atentados, mas seu irmão de 19 anos foi capturado vivo e está sendo mantido em um hospital prisional nos arredores de Boston.
O representante Michael McCaul, presidente do Comitê de Segurança Doméstica da Câmara, disse que os suspeitos provavelmente receberam treinamento de extremistas violentos, considerando o "nível de sofisticação" do dispositivo utilizado no ataque.
Os investigadores acreditariam que as bombas de panelas de pressão dos irmãos Tsarnaevs provavelmente foram detonadas por controles remoto de grande distância.
McCaul também reforçou que as bombas eram um "dispositivo com a assinatura" daquelas utilizadas no Paquistão e no Afeganistão.
Além disso, "a forma como manusearam estes dispositivos e o método operacional me levam a crer que houve um instrutor", declarou ao programa "Fox News Sunday".
"A questão é, onde está este instrutor ou onde estão estes instrutores? Eles estão no exterior, na região chechena, ou estão nos Estados Unidos?", emendou.
Os comentários dos legisladores ocorreram enquanto a mídia americana noticiava que autoridades russas grampearam secretamente a mãe dos irmãos, Zubeidat Tsarnaeva, e gravaram uma conversa em que ela discutia a Jihad (guerra santa) em termos vagos durante uma conversa por telefone com Tamerlan em 2011.
Ainda que a conversação tenha acontecido dois anos atrás, os russos só repassaram a informação a seus colegas americanos nos últimos dias, segundo os informes.
A investigação também se concentrou em um homem misterioso, chamado Misha, que teria influenciado Tamerlan e possivelmente o encorajado a seguir o caminho do extremismo.
Tanto a CIA quanto o FBI atribuíram a Tamerlan possíveis vínculos terroristas depois que as autoridades russas contataram as agências americanas em 2011.
Segundo informes, as autoridades russas também tinham alertado os colegas americanos sobre suas preocupações de que a mãe fosse uma extremista religiosa e que ela tinha sido incluída, junto com seu filho mais velho, em uma lista de observação de terroristas.
Entretanto, Rogers disse que Moscou tem mais informações que seriam "incrivelmente úteis".
"Eu acredito que eles têm informação e que tinham mais informação", afirmou.
O representante democrata Adam Schiff afirmou que os russos não estão informando tudo o que sabem, especialmente no que diz respeito à mãe.
"Devia haver alguma base para que eles a rastreassem eletronicamente ou para terem ido para cima de um de seus afiliados ou associados", declarou ao programa da CNN "State of the Union".
"Nós não sabemos. Não recebemos esta informação dos russos", acrescentou. "Eu acho que eles sabem mais do que estão nos dizendo", emendou.
As atenções também se voltaram para a razão que levou as autoridades americanas a fracassarem em ligar os pontos e evitar os ataques, considerando o que eles sabiam na época, e no rastro das lições que deveriam ter sido aprendidas a partir das falhas de inteligência que permitiram que os ataques de 11 de setembro de 2001 acontecessem.
O senador republicano Lindsey Graham, por exemplo, disse ao programa "Face the Nation", da CBS, que "nós vamos ter que elevar o nível do nosso jogo".
"É um erro compartilhar informação e perder sinais de alerta óbvios", afirmou.