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Estado de Minas

Dinastia de alto risco


postado em 15/04/2013 00:13 / atualizado em 15/04/2013 08:05

Faz 65 anos que a Coreia do Norte é comandada pela dinastia Kim. Fundada em 1948 por Kim Il-sung, a República Popular Democrática da Coreia, em 1994 passou a ser dirigida pelo filho Kim Jong-il, que, depois de seu falecimento, em dezembro de 2011, foi sucedido pelo terceiro e mais moço de seus filhos, Kim Jong-un. Quase sem experiência política ou militar, ele, de 30 anos, educado na Suíça, assumiu o comando do país asiático com um dos maiores exércitos do mundo, inimigo mortal dos Estados Unidos há mais de seis décadas. Contudo, desde que chegou ao poder há 16 meses, Jong-un anunciou a que veio, autorizando o lançamento de dois foguetes (em abril e dezembro de 2012) e a realização de um teste atômico. Tais atitudes levaram a Coreia do Norte a mergulhar nas últimas semanas em uma espiral de retórica, ameaças e represálias, em reação ao progressivo estrangulamento pelas sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) e às manobras militares conjuntas anuais que Seul e Washington realizam na Coreia do Sul. Pyongyang os considera um teste de invasão.


O mundo indaga o porquê de a situação na Península Coreana ter chegado a esse quadro. Tenta saber como a dinastia Kim conseguiu manter-se no poder por todo esse tempo. Quais perspectivas tem o regime nortista? Kim Jong-un, diferentemente de seu pai e seu avô, seria um reformista? Até agora essas perguntas ecoam planeta afora, sem respostas. Certo é que a tensão cresceu devido às sanções impostas ao regime de Pyongyang em represália pelo lançamento de um foguete para pôr em órbita um satélite em dezembro passado – segundo Washington e a Coreia do Sul, foi um teste disfarçado de um míssil balístico de longo alcance – e a execução, em 12 de fevereiro, do terceiro teste nuclear de sua história.

A Coreia do Norte é um país incrustado em si mesmo, baseado na ideologia juche, formulada por Kim Il-sung, cujos princípios fundamentais são independência política, autossuficiência econômica e força militar. Mas com o isolamento imposto pelas potências e países desenvolvidos, a colossal despesa com a área militar – 5% dos 24 milhões de habitantes do país servem ao Exército – e as sanções internacionais sufocaram a economia do Norte, que depende substancialmente da China, que fornece a ele energia e gêneros de primeira necessidade. Pequim não pensa na possibilidade de um colapso do regime de Pyongyang, o que poderia levar milhões de norte-coreanos a cruzar a fronteira comum, ou atrair a suas portas boa parte dos 28,5 mil soldados dos EUA na Coreia do Sul.

O mundo observa de longe um regime anacrônico, crítico e, com frequência, ameaçador. O Ocidente o vê com uma mistura de inquietação, por suas provocações, desafios e caráter de imprevisibilidade, em um planeta marcado pela liderança militar e econômica norte-americana, e com fascínio, por seu sigilo, sua sociedade abraçada à dinastia Kim e sem se dobrar à pressão de Washington.

Embora Kim Jong-un não tenha experiência, tem por trás, na coxia do regime, dois mentores: sua tia Kim Kyong-hui (irmã de Kim Jong-il) e o marido dela, Jang Song-thaek, vice-presidente da Comissão Nacional de Defesa e considerado o número 2 governo. O Estado norte-coreano, na condição de policial, exerce controle total sobre a sociedade. Kim Jong-un despertou esperanças de que fosse um reformista, por ter estudado na Suíça. Pensou em fazer mudanças na economia para melhorar a vida de seu povo, mas teve de dar voz a seus generais, que lhe alertaram sobre o que ocorreu no Iraque e na Líbia.

“A sobrevivência política de Kim Jong-un dependerá do êxito na transição do poder de seu pai para ele”, escreveu o pesquisador russo Andrei Lankov, especialista em Coreias, em dezembro de 20011, em Foreign affairs. “Para sobreviver, o regime de Pyongyang não terá outra saída senão continuar sendo o que é hoje, uma ditadura anacrônica, com armas nucleares, cuja população vive na pobreza abjeta”, disse. Passados 16 meses de sua assertiva, o mundo teme uma catástrofe continental, caso Jong-un autorize hoje o disparo de mísseis que diz ter rumo a seus sessentões inimigos.


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