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Estado de Minas

Drones praticam bombardeios seletivos em alguns países

Paquistão, Afeganistão, Somália e Iêmen recebem bombardeios "seletivos" dos EUA


postado em 21/01/2013 06:00 / atualizado em 21/01/2013 07:36

Paquistão, Afeganistão, Somália e Iêmen são os países onde os drones praticam bombardeios e assassinatos seletivos. A alegação do governo americano é de que os “alvos” são integrantes da Al-Qaeda ou grupos associados com o terrorismo e colocam a segurança nacional em risco. A retórica da segurança nacional serve para justificar quase tudo, da ameaça comunista ao perigo chinês, e, desde os atentados de 11 de Setembro, a guerra ao terror.

Para o especialista em guerra ao terror Tom Engelhardt, os EUA criaram todo um sistema no qual a ideia de segurança é uma obsessão nacional. “Na essência, o Estado de segurança nacional que vem sendo construído desde o 11 de Setembro baseia-se numa única premissa: a de que ele (o Estado) pode prover uma segurança definitiva aos americanos.” Ele acredita que esta lógica enreda as pessoas ao ponto de convencer as pessoas de fato, como ocorreu com as supostas – e falsas – armas de destruição em massa no Iraque. “É quase religioso”, define.

A obsessiva relação com a segurança nos EUA faz com que o programa dos drones seja bem avaliado pela população americana. No entanto, certamente não é o que ocorre nos países onde eles operam. O número de vítimas varia conforme a fonte, mas o Bureau of Investigative Journalism, uma das instituições que melhor acompanham o programa e suas consequências, estima que, apenas no Paquistão, o total de mortos por ataques de drones fica entre 2.629 e 3.461, sendo que entre 475 e 891 são civis. Os feridos passam de 1,2 mil e, com certeza, devem nutrir um profundo ódio pelos EUA.

Para Engelhardt, a solução de derrotar os grupos terroristas por meio de assassinatos individuais é uma solução de muito curto prazo. “Se olharmos em cada região em que os drones são usados ou estão prestes a ser usados, acho que a situação é menos estável agora do que quando a guerra dos drones teve início”, explica, acrescentando que na África, por exemplo, o número de grupos extremistas tem crescido. “É uma situação feia”, diz.

Em entrevista por e-mail, o ativista de direitos humanos Ed Kinane considera que o fato de os EUA se comportarem como uma exceção “é uma praga para o planeta”. O ressentimento criado a partir dos ataques é amplamente difundido por onde ocorrem, fomentando o antiamericanismo que acaba por contaminar outros países muçulmanos. A noção de irmandade entre os islamitas é um fator cultural que difere muito do individualismo ocidental. Por isso, o sentimento e solidariedade com os palestinos ou com as vítimas de drones acaba se refletindo em ódio contra Israel ou os EUA.

“Quando um drone ataca, ele cria um enorme ressentimento contra os EUA. Os bombardeios dos drones podem ser os melhores instrumentos de recrutamento do Talibã e da Al-Qaeda”, afirma Kinane. Ele cita o exemplo de que protestos contra os bombardeios no Paquistão chegaram a paralisar comboios de suprimentos destinados aos soldados no Afeganistão. “O jovem americano de origem paquistanesa que tentou detonar uma bomba na Times Square (em Nova York) lotada há alguns anos declarou que o fez por causa do terrorismo praticado pelos drones naquela parte do mundo”, exemplifica. “O desdém do Pentágono para com as leis internacionais é um jogo de dois pesos, duas medidas que provavelmente vai assombrar os próprios Estados Unidos quando outras nações aplicarem a mesma lógica para eles”, descreve. (PPF)


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