A polícia da África do Sul voltou a reprimir mineiros em greve nesta terça-feira, desta vez na mina de platina de Rustenberg, operada pela Anglo American Platinum. Os policiais dispararam balas de borracha nos mineiros, que protestam por melhores salários e condições de trabalho. Não há informações disponíveis sobre vítimas.
Desde agosto, o setor de mineração da África do Sul vem sendo afetado por uma onda de greves que paralisou a produção de ouro, platina e minério de ferro em diversas minas. A Anglo American é a última grande mineradora em atuação na África do Sul a ainda enfrentar paralisações.
Hoje, um representante de cerca de 12 mil grevistas disse que a manifestação continuará até que as reivindicações salariais do grupo sejam atendidas. Segundo Evans Ramokga, os grevistas estão insatisfeitos com a proposta da mineradora de recontratar mineiros demitidos e de lhes conceder uma compensação única de 2 mil rands (quantia equivalente a cerca de US$ 230,00). Ramokga negou também que os mineiros tenham cometido atos de violência, como acusa a polícia local. Os grevistas exigem receber salário mensal de 16 mil rands, ou US$ 1.800,00.
A repressão ao movimento grevista já resultou na morte de dezenas de pessoas, a maior parte delas no início das paralisações em agosto. A brutalidade da polícia causou comoção nacional e internacional em meio às mais violentas demonstrações de força do Estado contra a população civil sul-africana desde o fim do regime racista do apartheid.
Apesar dos sucessivos episódios de repressão, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, negou no fim de semana que o país atravesse uma crise e assegurou que as greves demonstram que o país "é uma democracia e hoje as pessoas podem manifestar seus descontentamentos".
Com as paralisações, as mineradoras sul-africanas deixaram de arrecadar bilhões de dólares, o governo cortou suas projeções de crescimento econômico para 2012 e as agências de classificação de risco de crédito reduziram o rating soberano da África do Sul.
