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Estado de Minas

Cobertura jornalística do conflito sírio é um trabalho de detetive


postado em 03/08/2012 13:47

A guerra na Síria, marcada por um poder ditatorial, especialista na arte da propaganda, e rebeldes desorganizados dificulta que os jornalistas comprovem as notícias divulgadas por cada lado, tornando a cobertura um verdadeiro trabalho de detetive.

Neste conflito, os jornalistas têm a alternativa de entrar ilegalmente pelo norte do país, controlado principalmente pelos rebeldes, e de se deslocar com sua escolta, como faz a maioria, ou tentar obter um visto, distribuído a conta-gotas.

Como em todo regime autocrático, a imprensa se vê obrigada a ter o acompanhamento de um 'guia' do Ministério da Informação, o que limita os contatos com os opositores e não encoraja ninguém nas ruas a falar livremente. Caso passe de leve pela cabeça do jornalista driblar seu guia, ele pode ser detido pelos inúmeros agentes secretos que circulam pelas ruas.

Além disso, se por qualquer motivo um artigo incomoda as autoridades, o autor da matéria perde seu visto. Quanto aos profissionais que entraram no país clandestinamente, nunca mais poderão entrar oficialmente como "castigo".

Por todas estas restrições, a maior parte da cobertura diária do conflito se baseia nas redes sociais, nos militantes contatados, principalmente via Skype, ou na mídia oficial, que, no geral, concentra-se em negar a realidade.

Desde o início da revolta, há mais de 16 meses, os jornalistas tentam selecionar e comprovar a avalanche de informações e vídeos distribuídos todos os dias através do correio eletrônico ou do YouTube.

A ONG com sede na Grã-Bretanha Presos entre a propaganda do regime e a informação não comprovada dos opositores, muitos jornalistas recorrem ao Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede na Grã-Bretanha que conta com uma ampla rede de militantes, médicos e advogados.

O presidente do OSDH, Rami Abdel Rahman, explica que obtém os registros de vítimas e as informações de diferentes fontes que, dentro de uma mesma cidade, não se conhecem entre si.

O fato de a ONU não ter parado no final de 2011 de contabilizar os mortos complicou a vida dos jornalistas.

Outra fonte são os serviços de segurança. Pessoas que ocupam altos cargos dentro do regime fornecem informações que, encaradas com prudência, podem contrastar com a dos opositores.

O deslocamento, um quebra-cabeça Os jornalistas que entraram sem visto só podem se deslocar junto com os rebeldes.

O principal problema é que os repórteres não têm autonomia de movimento e podem ser tomados como alvos durante um ataque militar.

O deslocamento vira um verdadeiro quebra-cabeça. Apesar de grandes áreas do território ao norte, perto da fronteira com a Turquia, estarem controladas pelos rebeldes, o Exército e os "shabbihas", milicianos partidários do regime, dominam algum povoado ou cruzamento.

A isso é preciso acrescentar a escassez de combustível, cortes de eletricidade, da rede de telefonia móvel e da internet, as avarias nos sistemas de comunicação por satélite e o risco de usar o telefone por satélite Thuraya, que pode dar ao regime sobre a localização do aparelho.


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