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Estado de Minas PROVA DE FOGO

O presidente do Egito precisará cortejar palestinos sem contrariar Israel


postado em 29/07/2012 08:03

Brasília – Enquanto sobreviviam em meio à militância combatida por governos autoritários, os movimentos islâmicos defendiam arduamente suas utopias. Na posição de forças políticas durante as eleições da Primavera Árabe, as novas lideranças enfrentam o desafio de balancear suas ideologias com os anseios de sociedades ávidas por melhorias socioeconômicas. A maneira como esses governantes conduzirão esse processo é acompanhada com atenção por aqueles que temem o surgimento de regimes fundamentalistas.

O Egito atrai desconfianças. O recém-empossado presidente Mohamed Morsy, da Irmandade Muçulmana, tenta gerenciar uma atordoada agenda doméstica e executar o papel inerente à liderança egípcia nas relações com a Autoridade Palestina e com Israel.
 
Morsy recebeu líderes das duas facções rivais palestinas: o presidente da Autoridade Palestina e líder do Fatah, Mahmud Abbas, e o chefe do grupo rival, Hamas, Khaled Meshaal. Depois das eleições palestinas de 2007, o Fatah e o Hamas entraram em desacordo. Enquanto o primeiro controla a Cisjordânia, o outro administra a Faixa de Gaza. Desde então, o governo egípcio tem atuado para facilitar a reaproximação das duas facções.

Desde que a Irmandade Muçulmana abandonou a clandestinidade no Egito e seu Partido Liberdade e Justiça conquistou a presidência e a maioria no parlamento, começaram a surgir temores de que o país pudesse rever os acordos de paz assinados com Israel. Em 2011, o então candidato Morsy chegou a propor um plebiscito sobre o tema.

O Egito foi a primeira nação árabe a reconhecer Israel. Mas pesquisa do instituto norte-americano Pew Research Center mostrou que a maioria dos egípcios é favorável à revisão dos tratados assinados em 1979, o que aumentou o clima de hostilidade. Pesa ainda o fato de o Hamas ser visto como um grupo terrorista pelo Ocidente e se recusar a reconhecer Israel.
Na avaliação do embaixador da Autoridade Palestina no Brasil, Ibrahim Al-Zeben, Morsy indicou que a questão palestina é tema central da agenda doméstica egípcia. “Temos esperança de que o atual governo seguirá atento à questão da Palestina, que é estratégica”, afirmou. Ele ressaltou a importância de o Egito levantar o cerco contra a Faixa de Gaza, assumindo o papel de mediador no processo da reconciliação nacional palestina, dois pontos conflitantes com Israel.

eleições A prova de fogo da reaproximação entre o Hamas e o Fatah está nas eleições presidenciais e legislativas palestinas, previstas para este ano. A aliança, porém, poderá retardar uma possível volta à mesa de negociações entre palestinos e israelenses. O Hamas não reconhece o Estado judeu. O embaixador israelense em Brasília, Rafael Eldad, é cauteloso. Diz que seu país demonstrou vontade em retomar os contatos com o Cairo. “Não sei se é bom (os encontros com líderes do Hamas). O Hamas fala claramente da destruição de Israel. Mas espero que líderes do Egito e de Israel se encontrem no futuro próximo. Temos de dar um pouco mais de tempo ao novo presidente para se organizar e fincar suas linhas e políticas, que espero que sejam de paz e de boa vizinhança”, ponderou.


O cientista político Gamal Abdel Gawad Soltan, diretor do Centro Al-Ahram de Estudos Políticos e Estratégicos, diz que o cenário não deve se alterar por enquanto. “A posição de Morsy é manter os acordos de paz com Israel e evitar a deterioração da violência no Egito. Diria que ele está sendo sincero quanto a isso. A explosão de uma crise no Oriente Médio pode minar sua capacidade e sua habilidade de prover um governo efetivo”, adverte.


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