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Estado de Minas

Ameaçado de isolamento na América Latina, Federico Franco faz discurso conciliador

O novo presidente do Paraguai assume governo em meio a críticas de outros presidentes, mas quer melhorar relacionamentos


postado em 23/06/2012 08:53 / atualizado em 23/06/2012 10:49

(foto: AFP PHOTO/Pablo Porciuncula)
(foto: AFP PHOTO/Pablo Porciuncula)
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, disse na noite de sexta-feira que se esforçará para manter um bom relacionamento com os países vizinhos e atender às expectativas dos paraguaios. Franco assume em meio a críticas dos presidentes sul-americanos que desconfiam da rapidez do processo de impeachment do ex-presidente Fernando Lugo por suspeitas de manobras políticas

Foi a primeira entrevista coletiva de Franco apenas duas horas depois de ser empossado. Ele respondeu a sete perguntas, abordando temas internos e externos, além de anunciar os nomes de três integrantes de sua equipe de governo. Foram anunciados os nomes dos ministros do Interior, Carmello Caballero, e das Relações Exteriores, José Félix Fernández, além do chefe da Polícia Nacional, Aldo Pastore.

"Para os presidentes do Mercosul, quero dizer que compreendam a situação. Vamos fazer um esforço para normalizar", disse o novo presidente. “O importante para nós é manter uma boa relação com os países vizinhos”, acrescentou, deixando em aberto se pretende participar da reunião de Cúpula do Mercosul, em Mendoza, na Argentina, na próxima semana.

Franco enfatizou, pelo menos três vezes, que o governo segue e respeita a Constituição do Paraguai. A afirmação é uma resposta à União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que levanta dúvidas sobre a legitimidade do processo de destituição de Lugo, como foi conduzido e a rapidez da ação. Nas ruas de Assunção, a capital paraguaia, os simpatizantes de Lugo também suspeitam do processo que o retirou do poder.

Porém, em sua entrevista, Franco optou por um tom mais conciliador e menos combativo. "A coisa mais importante a fazer é ficar no país para organizar a casa”, disse. Na tentativa de desfazer mal-entendidos, ele acrescentou que a imprensa tem papel fundamental, inclusive o de tranquilizar as pessoas”.

No entanto, o novo presidente foi categórico ao dizer que pretende combater de forma instransigente o grupo guerrilheiro Exército do Povo Paraguaio (EPP), pois o considera fora da lei. Segundo ele, da mesma forma agirá com aqueles que transgridem a legislação. “A tolerância será zero com quem está à margem da lei”, disse.

Franco mencionou o tema mais delicado da política interna paraguaia, que acabou agravando a manutenção de Lugo no poder - o apoio aos camponeses e à reforma agrária. O novo presidente disse que o tema é prioridade para ele e que associará reforma agrária à industrialização e à melhoria da qualidade de vida no campo. “É preciso garantir escolas e saúde, além de condições adequadas, para que as pessoas queiram ficar no campo”.

De família de políticos, Franco construiu história de vida sólida e rígida

De família de políticos tradicionais no Paraguai, o novo presidente Federico Franco, de 49 anos, construiu uma história sólida e rígida de vida. Ele foi o segundo da família a ser vice-presidente no país, depois do irmão Júlio César Franco (2000-2002). Médico cardiologista, Franco mantém hábitos severos. Como seu antecessor Fernando Lugo, é católico praticante e gosta de ir à missa logo cedo aos domingos.

Sistemático, Franco exige dos assessores e funcionários o cumprimento de horários. Mal assumiu o poder, marcou para hoje (23), sábado, reunião a partir das 8h. Em discussão, a formação do novo governo e as prioridades que serão adotadas. O novo presidente avisou que pretende construir um governo de coalizão nos próximos 11 meses até as eleições de 2012.

Os desafios de Franco são conquistar a confiança da população paraguaia, que reúne um grupo considerável de admiradores de Lugo, e manter uma base leal no Congresso Nacional. A violência no campo e as cobranças dos camponeses pautam boa parte das reivindicações, pois um conflito entre agricultores e policiais, no dia 15, agravou a crise política do ex-presidente.

Não foi à toa que Franco nomeou, inicialmente, os ministros do Interior, Carmello Caballero, e das Relações Exteriores, José Félix Fernández, além do chefe da Polícia Nacional, Aldo Pastore. No Paraguai, as questões internas políticas são conduzidas pelo ministro do Interior e a Polícia Nacional administra as tensões relativas à segurança do Estado.

Para desfazer a imagem externa de ameaça de rompimento com a ordem e a democracia, ainda jovens nas Américas, Franco escolheu José Félix Fernández como chanceler. Diplomata de carreira, Fernández é respeitado interna e externamente, o que pode facilitar o trânsito de Franco entre os chefes de Estado das Américas ainda resistentes a ele.


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