
O “sim” do presidente à união gay foi dado em entrevista à rede de TV ABC, exibida na noite de terça-feira e reprisada na manhã de ontem. Obama explicou que sua tomada de posição foi uma “evolução”, na qual considerou a opinião de “amigos, familiares e vizinhos”. “Para mim, pessoalmente, é importante dizer que acredito que os casais do mesmo sexo devem poder se casar”, disse o mandatário. No domingo, o vice-presidente, Joe Biden, já havia surpreendido o público ao declarar que se sentia "confortável" com o casamento de homossexuais. Segundo o jornal The Washington Post, a opinião do vice deu munição aos doadores da campanha de Obama, muitos dos quais são gays. Eles teriam pressionado o presidente a assumir uma posição mais claro sobre o assunto.
AMBÍGUO
Ao longo de seu governo, Obama manteve uma posição ambígua sobre o tema. Ontem, ele disse ter “hesitado” para falar em casamento gay porque achava que a união civil seria “suficiente”. O presidente explicou que reconhece o peso da palavra “casamento” para muitos norte-americanos, que ligam o termo à religião e às tradições. Para firmar seu ponto de vista, no entanto, contou ter observado “membros da equipe que mantêm relações homossexuais monogâmicas muito estreitas e criam seus filhos juntos”. Ele conversou também com suas filhas e com estudantes republicanos que, mesmo sustentando opinião política distinta, “acreditam na igualdade” para casais de mesmo sexo. “Essa declaração foi um movimento eleitoral estratégico. Obama fez tudo de forma calculada, porque acha que pode se sair melhor com os eleitores mais jovens”, disse Richard Benedetto, professor da American University. Mais que isso: para o analista, a declaração de Joe Biden no domingo também foi proposital, mirando uma votação na Carolina do Norte sobre o assunto. “Nada acontece por acidente na Casa Branca”, brinca o professor Benedetto. Na terça-feira, o estado aprovou uma emenda constitucional que proíbe o casamento entre homossexuais.
A decisão conservadora dos eleitores da Carolina do Norte pode ser motivo de preocupação para Obama. O estado é um dos que decidem a eleição presidencial, por não ter uma pendência consolidada pelos democratas ou pelos republicanos. “Obama precisa dos votos desses eleitores, mas eu realmente acho que ele fez tudo de uma forma bastante planejada”, afirma Benedetto. “Os mais conservadores já não vão votar nele, de uma forma ou de outra”, observa.
A Carolina do Norte também realizou primárias republicanas na terça-feira, assim como os estados de Indiana e Virgínia Ocidental. Nos três, Mitt Romney saiu vitorioso, o que o fortalece ainda mais para receber a indicação oficial do partido. O ex-governador de Massachusetts tem agora 966 delegados. Para a nomeação, ele precisa de pelo menos 1.144. A oficialização de seu nome como candidato sai apenas na convenção nacional republicana, marcada para agosto.
