Raúl Castro mantém 'velha guarda' à frente das Forças Armadas cubanas

O presidente Raúl Castro manteve a velha guarda revolucionária à frente das Forças Armadas de Cuba, ao nomear como ministro e vice-ministro da Defesa os generais Leopoldo Cintra Frías e Álvaro López Miera, símbolos do "internacionalismo" militar cubano.

Cintra, 70 anos, membro desde 1991 do seleto Birô Político do Partido Comunista (único), foi nomeado no cargo pelo Conselho de Estado (executivo) após proposta de Raúl Castro, segundo um comunicado oficial lido na noite de terça-feira na televisão e publicado nesta quarta-feira pela imprensa. Seguindo a sucessão na rede de comando das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), Cintra ocupa o posto de ministro deixado pelo general Julio Casas, que era vice-presidente cubano e mão direita de Raúl Castro, e que morreu em setembro passado em Havana aos 75 anos de uma parada cardiorrespiratória. "Polito", como o chama o líder cubano Fidel Castro, se incorporou em 1957, com 16 anos, à guerrilha que o comandante dirigia em Sierra Maestra (sudeste), e cumpriu uma missão militar na Etiópia em 1978 e três em Angola (1982, 1986 e 1987). Sob seu comando, os cubanos realizaram em 1987 o combate de Cangamba, e foi também estrategista da decisiva batalha de Cuito Cuanavale, que marcou a vitória definitiva das tropas cubano-angolanas sobre o exército sul-africano. Como primeiro vice-ministro da Defesa, cargo que Cintra exercia desde 2008, foi designado o general Álvaro López Miera, 68 anos, também membro do Birô Político e do Conselho de Estado, que "continuará" à frente do Estado Maior das FAR, segundo o comunicado oficial. A nomeação de Cintra e de López, dois veteranos da guerrilha de Fidel Castro, "heróis da República de Cuba", e símbolos do "internacionalismo" militar cubano, o comando das FAR se mantém nas mãos da velha guarda revolucionária. Surgidas do exército guerrilheiro que levou Fidel Castro ao poder em 1959 e comandadas durante 48 anos por Raúl Castro, as FAR são um pilar da defesa e da preservação do socialismo, já que a ilha viveu meio século em pé de guerra por sua história confrontação com os Estados Unidos.