
As escutas são as principais provas em uma investigação liderada pela promotoria de Bari contra oito suspeitos de induzir a dezenas de mulheres a prostituirem-se entre 2008 e 2009 para Berlusconi, em troca de contatos de alto nível, especialmente com o grupo industrial Finmeccanica.
Todos os jornais publicaram neste sábado as transcrições de conversas telefônicas de Berlusconi. Em uma delas, de primeiro de janeiro de 2009, o chefe de governo, de 75 anos, conta que as jovens brigam entre si para passar a noite com ele: "Eram onze, mas só dormi com oito, pois não podia mais".
Berlusconi fez essa confidência a Gianpaolo Tarantini, um empresário que é o principal suspeito da investigação de Bari. Tarantini está preso desde primeiro de setembro por ter recebido 850.000 euros de Berlusconi, em troca de mentir aos procuradores sobre as festas noturnas que organizavam.
Em outra conversa, Berlusconi fala com Marysthell Polanco, uma jovem bailarina dominicana, cujo nome aparece também em outro caso, o Rubygate, no qual Berlusconi é julgado por prostituição de menor. Na conversa, Berlusconi se desculpa pelo pouco tempo que dedica a ela: "Sabe Marysthell, em minhas horas vagas sou primeiro-ministro".
O Partido Democrata (esquerda), o principal da oposição, exigiu a demissão de Berlusconi, e disse que a Itália, que possui graves problemas econômicos, não pode tolerar um líder "que governa em suas horas vagas". Segundo uma pesquisa recente, a popularidade de Berlusconi caiu em setembro a seu menor nível histórico, a 24%.
Em resposta, Berlusconi envou uma carta ao diário Il Foglio na qual afirma que não possui a menor intenção de renunciar e que espera governar até o final de seu mandato, em 2013. "Não fiz nada do que deva me arrepender", disse.
