Brasileiro desaparecido em Concepción ainda não deu notícia

Brasília – Um brasileiro – cujo nome não foi revelado – estaria desaparecido em Concepción, cidade situada a 500 quilômetros de Santiago e a apenas 115 quilômetros do epicentro do terremoto de sábado. Por telefone, Mário Vilalva, embaixador do Brasil no Chile, admitiu à reportagem que, na tarde dessa segunda, a representação ainda buscava informações sobre o paradeiro dele e tentava confirmar a notícia sobre o sumiço. "Estamos investigando um caso, mas não posso dar detalhes. Se ele se confirmar, terei de falar primeiro com a família", afirmou, omitindo ainda o local de procedência da família.

Segundo a autoridade, vários rumores têm chegado às representações do Brasil em Santiago, a respeito da situação de turistas ou moradores brasileiros no Chile. "Isso tem nos dado um certo trabalho, porque a gente recebe a informação geralmente de quinta mão. Até agora, os casos que nós tivemos não se confirmaram", explicou. "Toda vez que há algum boato, nós vamos atrás desse dado", acrescentou. Pelo fato de o terremoto de sábado ter sido de uma magnitude extraordinária (8.8 na escala Richter), o saldo de vítimas tem aumentado a cada hora. "À medida em que os números vão aparecendo, procuramos saber se nessas estatísticas há brasileiros ou não", disse o embaixador. "É impossível descartar a possibilidade de que não haja algum brasileiro (entre as vítimas)", assumiu.

Assistência

A Embaixada do Brasil em Santiago tem prestado toda a assistência possível aos compatriotas. "Procuramos orientá-los sobre o que f azer, alguns necessitam de documentação que já está sendo emitida", observou Vilalva. Os trabalhos consulares funcionam de modo improvisado – o prédio do Consulado-Geral do Brasil em Santiago se situa no 15º andar de um prédio, no Centro da cidade. "Passamos todos esses serviços para a embaixada." Pelo menos 12 mil brasileiros vivem atualmente no Chile, a grande maioria deles já estaria bem estabelecida no país. "Estamos sendo procurados mais por brasileiros em trânsito, que vieram a turismo e não puderam sair porque o aeroporto está fechado", contou o diplomata. Desde sábado, a embaixada tem emitido certificados para justificar a ausência de brasileiros no trabalho e direcionado idosos a atendimento médico. "Entre sábado e hoje (ontem), atendemos mais de 800 pessoas", assegurou o embaixador.

Mau atendimento

O diplomata nega mau atendimento por parte da representação diplomática na capital chilena. "Estamos aqui 24 horas, trabalhamos direto no sábado e no domingo. Fico perplexo ao ver esse tipo de notícia", afirmou Vilalva. O embaixador atribuiu esse tipo de denúncia a uma "intriga maldosa" ou à própria situação psicológica de algumas pessoas. "Passamos por um terremoto de grandes dimensões. Alguns brasileiros acham que a embaixada tem uma varinha mágica capaz de transportá-las da noite para o dia para o Brasil", desabafou Ele pediu paciência e aconselhou os brasileiros a aguardarem em seus hotéis e casas. "A gente procura explicar às pessoas que elas não devem viajar, as estradas estão bloqueadas rumo ao Sul, nem cruzar a Cordilheira dos Andes", acrescentou.

Sob condição de anonimato, um turista brasileiro consultado pela reportagem apontou um problema de informação que teria influenciado na qualidade do atendimento prestado pelos diplomatas. "As pessoas que ligaram para a embaixada, no sábado, não conseguiram falar. Quem foi lá deu de cara com a porta, porque não tinha ninguém para receber", contou o turista, pela internet. No domingo, ele telefonou para a embaixada e um chileno que não falava português atendeu à ligação. "Com custo, consegui entender que precisava ir ao local. Chegando lá, encontrei uma fila de brasileiros na mesma situação que eu."