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Estado de Minas SIMULAÇÃO

Marinha e forças mineiras treinam resposta contra sabotagem em Furnas


17/05/2023 04:00 - atualizado 17/05/2023 10:49
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Fuzileiros participaram do exercício em Furnas, num cenário fictício que exigiu de socorro a vítimas de inundação ao resgate de reféns (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A.Press)



Enviado especial

Passos e São José da Barra – Reféns são mantidos em poder de terroristas que sabotam a represa de Furnas, no Sul de Minas, liberando uma inundação devastadora com potencial de deixar milhares de mortes e feridos, provocar destruição de estradas, moradias e estruturas urbanas, à semelhança das tragédias dos rompimentos de Mariana (2015) e de Brumadinho (2019).
Imediatamente são adotadas ações de socorro, montagem de centro de comando, unidades de atendimento, desobstrução de vias e acolhida com o apoio da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) às autoridades mineiras. Ao mesmo tempo, cessada a negociação, a força de elite da Marinha, o Batalhão de Operações Especiais e seus comandos (Comanf) tomam de volta a barragem em assaltos de helicóptero, lancha e blindados, salvando a construção e as pessoas cativas.
O cenário de ameaça é fictício, mas elevado a um dos mais altos graus de desafio e complexidade justamente para que a FFE ponha à prova sua capacidade de resposta a crises durante as demonstrações do treinamento de ontem na Operação Furnas 2023. Entre os dias 9 e 23 deste mês, 1.500 militares da FFE utilizam o Lago de Furnas, em São José da Barra, no Sul de Minas, para os treinamentos, que são parte de sua formação e prontidão.
 
No exercício, com o cenário de sabotagem e de reféns, a interação dos fuzileiros gera uma troca de aprendizado com outras agências mineiras em um mesmo centro de comando com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG), o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), a Santa Casa de Misericórdia de Passos, as prefeituras dos 34 municípios abrangidos e as polícias militar (PMMG) e Civil (PCMG) mineiras, entre outros.
 
O Centro de Comando é erguido com a conexão de vários pavilhões de barracas formando uma cruz na base, com equipamentos portáteis desmontáveis, desde os sistemas de informação computadorizados, até a ventilação, mapas e as mesas. Aglutina informações, mapeamentos e contatos de todos os representantes do poder público. Ali se unem os pontos fortes em áreas distintas de cada ente, como a experiência mineira em catástrofes de barragens de mineração com centenas de vítimas e os fuzileiros tendo sido acionados em enchentes e desmoronamentos devastadores como os de São Sebastião (SP), em 2023.
 
“Em 2019, a Marinha colheu parte dos ensinamentos de resposta das agências de Minas Gerais no desastre de Brumadinho e percebemos que o mundo vinha demandando os conhecimentos adquiridos pelos mineiros em outras tragédias. Até a equipe de Israel que veio a Minas ajudar naquela oportunidade mais aprendeu do que ensinou”, disse o comandante do exercício interagências e comandante do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais capitão de mar e guerra Luís Felipe Valentini da Silva.

AFINIDADES Características que o comandante julgou serem essenciais para que a FFE possa agregar. “Fomos demandados em diversas tragédias humanitárias e são sempre experiências entre as agências, portanto é quando agimos juntos e precisamos ter essa afinidade de cooperação. Foi assim quando nos demandaram após os estragos das fortes chuvas de 2011, em Nova Friburgo, em Petrópolis, na Bahia, em Fortaleza, em Recife e agora na Operação Abrigo no Mar, em 2023, em São Sebastião (SP). Nas oportunidades enviamos meios de desobstrução de vias, blindados, unidade de trauma que complementa unidades de saúde local, segurança ao lado da polícia militar e civil locais em peso”, conta o comandante.
 
“A FFE tem uma estrutura pronta que é chamada e erguida onde é necessário. Já a defesa civil precisa encontrar um local para servir de base e convocar os atores para a ação: polícia, bombeiros, médicos, entre outros. Foi exatamente para mostrar o Sistema de Comando em Operações que nos permite organizar tudo isso com agilidade que palestramos para a FFE”, disse o representante da Cedec-MG no exercício, major Júnior Silvano Alves, superintendente de gestão de riscos de desastres.

HOSPITAL DE CAMPANHA Para o atendimento aos múltiplos feridos se utiliza transportes das redes de saúde e dos militares. Em complementação ao sistema de saúde local, os fuzileiros demonstraram a composição de hospital de campanha em oito unidades armadas em barracas de pavilhões sendo duas delas a Unidade Avançada de Trauma (UAT). “Essa montagem permite adaptar cada módulo às necessidades da defesa Civil em cada localidade atingida. Ao final os pacientes são removidos, pois não se tratam de unidades de internação”, disse o capitão de fragata médico Carlos Drummond, diretor da unidade médico expedicionária da Marinha.
 
Logo na entrada da UAT, ao lado de máquinas, equipamentos, gavetas repletas de insumos para tratamento de ferimentos, ficam dois leitos de estabilização de pacientes graves. Em caso de cirurgia, seguem adiante para a mesa que permite a interação por telemedicina. Na demonstração, um paciente que sofreu o esmagamento de perna esquerda é operado com o auxílio remoto de equipes de médicos de hospitais como o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro.
Outros pacientes com gravidades de quadros diferentes são enviados pelos meios dos fuzileiros e dos entes participantes para unidades de saúde, como a Santa Casa de Misericórdia de Passos, uma referência de atendimentos variados e onde boa parte dos feridos do simulado foi enviada, inclusive aqueles que passaram pelas unidades de descontaminação química, biológica e radiológicas da FFE.

RESGATE Ao mesmo tempo que o esforço de atendimento aos danos e socorro são realizados, na fonte do problema os fuzileiros entram em ação para a retomada da usina invadida e o salvamento dos reféns, após as tentativas de negociação não surtirem efeito.
 
“Enquanto ocorrem as negociações, um plano de ação em caso de escalada da crise é formulado tendo por base informações sobre o terreno e as instalações onde os reféns são mantidos sob custódia. Nessa ação, em no máximo 12 horas temos de ter a capacidade de intervir em qualquer local do Brasil e entram em ação os comandos anfíbios da Toneleiros – a unidade de elite da Marinha”, afirma o comandante do Batalhão de Operações Especiais dos Fuzileiros Navais, Aristone Leal Moura.
 
No alto do maciço de 48 metros de altura da Represa de Furnas, no Rio Grande, os sequestradores mantinham duas posições, uma delas avançada, de guarda da área da represa, e outra no cativeiro dos reféns. A primeira ação é de um grupo de caçadores, são militares que chegam preferencialmente à noite, neste caso em botes infláveis rápidos e tomam posições para levantamento avançado de informações do terreno e posições de tiro.
 
Com o plano municiado pelas informações dos observadores avançados, uma equipe de assalto chega em outra lancha. Antes de agirem, os caçadores disparam com rifles de precisão e eliminam as sentinelas, possibilitando, após breve troca de tiros, que os comandos eliminem aquela posição inimiga.
 
Em seguida, outra lancha mais rápida rasga o lago até chegar no maciço, acendendo um sinalizador em ponto seguro onde um helicóptero com mais comandos paira e libera mais militares que chegam descendo de rapel. Em conjunto, as duas forças invadem o cativeiro e libertam os reféns. Não há menção sobre o destino dos sequestradores no exercício, mas apenas reféns e comandos deixam o local de cárcere até a segurança de um blindado que avança para resgatá-los.



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