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Estado de Minas OPÇÃO DE LAZER

BH tem outro oásis do tamanho do Parque Municipal; saiba onde fica

Reserva batizada em homenagem ao paisagista Roberto Burle Marx é referência para a população do Barreiro, marcada por riqueza de verde e recursos hídricos


10/10/2022 04:00 - atualizado 10/10/2022 12:46

Parque Ecológico Roberto Burle Marx
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)

Sandra Ferreira
Com um lago e área regada pelas águas de afluente do Ribeirão Arrudas, parque tem rica vegetação nativa e atrai visitantes para piqueniques e sessões de foto, a exemplo de Sandra Ferreira, que registrou no espaço seu aniversário (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)


Elian Guimarães

O clima ameno proporcionado pela arborização nativa, pelos lagos e córregos, além da beleza natural, com espaços de convivência e para prática de esportes e lazer, torna o Parque Ecológico Roberto Burle Marx, mais conhecido como Parque das Águas, na Região do Barreiro, um dos mais visitados de Belo Horizonte. Inaugurado em dezembro de 1994, sua área já abrigou a antiga casa de descanso do prefeito e a Cidade do Menor, alojamento para crianças e adolescentes em risco social, segundo a Fundação Municipal de Parques e Zoobotânica.

Com extensão semelhante ao parque municipal (Parque Américo Renné Giannetti), no Centro, são 176 mil metros quadrados que abrigam um pequeno lago, e sua área é regada pelas águas do Córrego do Clemente, cuja nascente encontra-se na Serra do Rola Moça – um afluente do Ribeirão Arrudas, que integra a Bacia do Rio São Francisco. Faz limites também com extensa área de preservação sob domínio da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), o que amplia a influência do verde na região.

A vegetação é típica do bioma cerrado, com formações de campo cerrado e mata ciliar, com espécies nativas como copaíbas, ingás e jatobás. Nesse ambiente, os visitantes convivem com tucanos, pica-paus, sabiás, gaviões, garrinchas, corujas, saracuras, saíras e tiês-sangue. Podem também ser encontrados tamanduás, quatis, gambás, micos-estrela, esquilos, teius, cágados e espécies de peixe.

Para os amantes dos esportes, há quadras poliesportivas, pista de caminhada e campo de futebol em medidas oficiais. O conjunto de atrações é tamanho que diversas escolas e instituições usam o espaço do parque para promover eventos, projetos culturais, sociais e de pesquisa científica. A unidade também conta com Academia da Cidade e Centro de Educação Ambiental, além de atender a atividades da Escola Integrada de Escotismo e abrigar a Cooperativa de Artesãs (Coonarte).

Chamam a atenção também os extensos jardins gramados e floridos, um convite a piqueniques, comemorações e até sessões de fotos para compor álbuns de formatura, casamentos e de aniversário. Moradora de Ibirité, na Região Metropolitana de BH, Maria Lúcia de Oliveira escolheu o cenário para produção de fotos comemorativas do aniversário de 15 anos da filha Micaelly. A indicação veio da sobrinha Marlen Karina dos Santos, de 27, que conheceu o espaço por meio de fotografias e fez a sugestão.

As duas acompanhavam a sessão fotográfica junto da irmã de Micaelly, Emanuelle, de 11 anos. Maria Lúcia disse que quinze dias antes da decisão visitou o parque, e adorou. Marlen, que visitava a área pela primeira vez, se surpreendeu: “É um espaço público, com entrada franca, e muito bem cuidado. Com certeza, voltaremos. Já estamos combinando um piquenique”.

A baiana Sandra Ferreira da Silva, cabeleireira, maquiadora e fisioculturista, também comemorou seus 38 anos com um sessão de fotos tiradas pela profissional de imagens Gislaine Silva, que há mais de uma década a acompanha em sua carreira. “Gosto muito de vir fazer fotos aqui, e também faço piqueniques com meus filhos. Moro no Barreiro de Cima. Sou fisioculturista, fui miss Top1 na Espanha e, mês passado, miss Well no Top1. A Gislaine me acompanha em toda a minha vida, durante gravidez e nos momentos mais importantes da minha carreira”, contou.

“Este é um dos pontos mais gostosos do Barreiro”, resumiu a dona de casa Joyce Ferreira, de 33, moradora do Bairro Milionários. Com a irmã Érica Michelle e o marido Tiago Oliveira, de 34, ela levou os filhos Gabriel, de 10, e Valentina, de 3, e a sobrinha Júlia, de 5, para passear pelo parque, que não tem instalações de brinquedos para a criançada, mas não deixa de ser atrativo. “Eu adoro subir em árvores”, contou Gabriel, que, com a irmã e a prima, se divertia nas instalações de ginástica ao ar livre. “O parque sempre está muito bem cuidado”, elogiou Joyce.

Ponto de encontro para a população


Responsável pelo Parque das Águas há 11 anos, Josyane Aparecida de Jesus atesta ser o principal ponto de encontro ao ar livre da região. “É muito frequentado. Gente de todas as classes sociais nos visita, principalmente nos fins de semana, quando fica lotado. As pessoas vêm tirar fotografias, fazem eventos com familiares e amigos, piqueniques...”

Ela explica que o território é dividido em dois setores: um esportivo e outro de convivência, com banheiros, que estão muito bem cuidados, são higienizados diariamente e têm acessibilidade para pessoas com dificuldades de locomoção.

Na academia ao ar livre, também chamam a atenção os equipamentos em bom estado de conservação. O campo de futebol e as três quadras estão em condição de uso, mas precisam de reformas e manutenção, admite a servidora da Fundação de Parques. “Como o parque é extenso, não conseguimos manter vigilância constante, para evitar depredações”, afirma.

Mas ela reconhece que a maioria dos usuários mantêm os devidos cuidados: “Aqui tem torneio de futebol organizado pelos próprios times da região. Todos esses espaços são muito usados, e nunca tivemos qualquer problema. Atendemos escolas integradas, temos um Centro de Educação Ambiental que ficou parado durante a pandemia, mas aguardamos agora a indicação do monitor para retomada de atividades. E temos a cooperativa de costura que trabalha com retalhos. Os produtos são vendidos em feiras."

Um refúgio também para o resgate social

Cooperativa que funciona no Parque das Águas é alternativa para pessoas que queiram aprender a costurar ou estejam em situação de vulnerabilidade
Cooperativa que funciona no Parque das Águas é alternativa para pessoas que queiram aprender a costurar ou estejam em situação de vulnerabilidade (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)

As dificuldades com a seca e as condições de vida no sertão do Ceará levaram à migração para Minas dos familiares de Francisca Paulina, de 74 anos, em 1976. Em Belo Horizonte, ela constituiu família, hoje formada por nove filhos, 42 netos e seis bisnetos. Na capital mineira, a vida também não foi fácil, mas a cooperativa de costura que hoje funciona no Parque das Águas foi a salvação.

Ela conta que, em meados da década de 1990, quando foi suspensa uma bolsa paga pela prefeitura a famílias que mandassem seus filhos de volta para a escola, fez um curso de artesanato através Associação Municipal de Assistência Social (Amas) e a Secretaria de Promoção Social cedeu espaço no parque para funcionamento da cooperativa de costura. Foram adquiridas máquinas e equipamentos. Os retalhos vieram do pólo de moda do Barro Preto, região central de BH. “Passávamos a noite recolhendo material, retornávamos de ônibus, de madrugada, para o Barreiro”, conta a artesã.

Os tapetes foram o começo. Além de retalhos, faixas de rua eram recolhidas, lavadas e transformadas em roupas. “Daqui saiu muita gente profissional, trabalhando em grandes empresas de confecção e da moda. Recebemos homens também. Temos um rapaz que foi chamado para trabalhar em Milão, na Itália. Chegou aqui aos 20 anos, morava em Santa Luzia e queria aprender a costurar. Desenvolveu um marcacão de calça jeans, tecido de guarda-chuvas e resto de mochila. Fez uma exposição no Mercado das Borboletas (Mercado Novo, região Central) e chamou a atenção de estilistas italianos, que o contrataram”, relembra.

A cooperativa acolhe pessoas em situação de vulnerabilidade social, desempregadas e com problemas de saúde, como depressão. “Temos aqui gente que perdeu entes queridos ou outras perdas que dinheiro não paga. Tornou-se um espaço de terapia”, acrescenta.

É o caso de Maria José da Paixão, de 63, costureira que era cozinheira. Entrou em depressão profunda ao perder um filho de forma trágica. “Há um ano, na hora que mais precisava, fui convidada e resisti muito. Eles tiveram muita paciência em me ensinar a costurar e foi a realização de um sonho, foi uma bênção. Moro no Bairro Bom sucesso e, como não abandonei a cozinha, chego e já preparo o almoço das colegas de trabalho.”

O grupo abrigado no Parque das Águas produz, a partir de retalhos e roupas sem uso, tapetes de trama, colchas de retalhos, patchwork, saias jeans bordadas reaproveitadas de calças e bolsas. Os produtos são muito procurados pelos visitantes do parque e também são comercializados em feiras e exposições.



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