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Estado de Minas AGROPECUÁRIA

Produtores rurais superam tragédia de Brumadinho: 'Um recomeço'

Projeto SuperAção Brumadinho auxiliou 473 produtores rurais a aprimorar técnicas de produção, cultivo e comercialização no setor de agricultura e pecuária


03/06/2022 17:00 - atualizado 04/06/2022 01:17

Joyce Martins da Cunha em sua estufa de hortaliças
A produtora Joyce Martins da Cunha tira hoje nas estufas uma média de 400 bandejas de mudas de hortaliças por semana: 'O tempo ruim acabou' (foto: Acervo pessoal)

Em 2019, a vida da família da produtora rural Joyce Martins da Cunha, do marido dela, Ezequiel Eloizio Damasceno, e do filho do casal, o pequeno Pedro Henrique da Cunha Damasceno, virou de ponta-cabeça com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Moradores de Mário Campos, cidade vizinha, eles viveram dias difíceis após a baixa no cultivo de mudas e nas entregas das hortaliças. Até que surgiu o Projeto SuperAção Brumadinho, em janeiro de 2020. “Fui apresentada pelo sindicato ao projeto e abracei mais que depressa. Seria um recomeço”, conta.

Passados dois anos e cinco meses, Joyce tira semanalmente nas estufas uma média de 400 bandejas de mudas de hortaliças e cerca de 50 dúzias de rúculas hidropônicas (600 unidades). Na horta há uma demanda maior por cheiro verde, com produção de 1.500 molhos por dia, além de cebolinha, salsa e manjericão. Os dias ruins ficaram para trás.

O Projeto SuperAção Brumadinho atendeu dez grupos de produtores na região de Brumadinho, Mário Campos e Sarzedo, com sete cadeias produtivas: Olericultura, Fruticultura Perene, Avicultura, Bovinocultura de leite, Bovinocultura de corte, Piscicultura e Ovinocaprinocultura de leite. Em 24 meses de trabalho foram compreendidos um total de 473 produtores rurais.


Atendimentos


Inicialmente, tinha-se a previsão de 13 técnicos de campo, mas em razão da desistência de alguns e da dificuldade da contratação de outros, optou-se pela redistribuição dos atendimentos. Alguns especialistas superaram a previsão de 30 consultorias e realizaram de 33 a 36 visitas.

No começo, a expectativa era para um atendimento de 480 produtores, sendo 180 médios/grandes a cada mês, e os demais 300 de dois e dois meses.

Cada grupo de produtor teve um técnico à disposição para as consultas mensais ou bimestrais, conforme a metodologia. Em 4 horas de atendimento eram transmitidos conceitos de assistência técnica e gerencial.

Com o passar do tempo, os produtores desenvolveram sua produção e incrementaram ações em qualidade, custos e estratégias gerenciais.

Janaina Canaan Rezende de Souza é uma dessas técnicas. Foi ela quem deu a ideia para Joyce plantar rúculas hidropônicas. “Nós tivemos tratamento psicológico para tratar com cada família. Brumadinho é uma cidade turística, mas de uma extensão rural enorme, e cada porteira para dentro é uma realidade diferente”.


Premiação


O SuperAção Brumadinho demandou recursos de R$ 1.526.000,00 do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Encerrado no dia 10 de maio, o programa entregará em 11 de junho uma premiação em reconhecimento aos que se destacaram. Na entrada, cada produtor receberá os certificados referentes à conclusão do projeto.

Para Wender Guedes Borges, à frente do SuperAção até novembro, quando se tornou analista em Assistência Técnica e Gerencial, pode-se concluir que a iniciativa alcançou todos os objetivos, pois o cenário para os produtores da região mudou completamente.

“Foram dois anos e meio de projeto, com muitos resultados positivos, melhorando a lucratividade dos produtores atendidos, além da qualidade de vida dos mesmos e seus familiares. Nosso público foi desde o produtor rural de subsistência, onde trabalhamos com a segurança alimentar e tentar levar este produtor a comercializar o excedente, até produtores rurais que escoam sua produção para os grandes centros comerciais, como Ceasa, por exemplo”, disse.

“Quebramos vários paradigmas, a começar pelos próprios produtores rurais atendidos, fazendo com que os mesmos se enxerguem como empresários, como realmente são. Para isso, utilizamos a metodologia do Senar, que, além de trabalhar a parte técnica, tem uma pegada muito forte com o gerenciamento da propriedade”, concluiu.


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