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Estado de Minas MEIO AMBIENTE

'Pampulha limpa seria como uma praia de Belo Horizonte', diz ambientalista

Ações de tratamento melhoraram a qualidade da água nos últimos 5 anos, mas as fontes de poluição ainda não foram combatidas, afirma especialista


02/06/2022 17:10 - atualizado 02/06/2022 19:02

Manchas verdes registradas na Lagoa da Pampulha. Um pato nada no meio da foto.
As manchas verdes na água são causadas quando há acúmulo de matéria orgânica originadas do esgoto e proliferação de cianobactérias na superfície (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Manchas verdes foram registradas novamente na manhã desta quinta-feira (2/6) na superfície da Lagoa da Pampulha. Elas denunciam o grau de poluição da água, causada pela concentração de esgoto no manancial. Obras estão em curso pela Prefeitura de Belo Horizonte, mas as causas da poluição ainda não foram atacadas.
 
 
A cor esverdeada da água, como no registro, é causada pelo processo de eutrofização, ou seja, quando há acúmulo de matéria orgânica proveniente do esgoto. A quantidade de oxigênio dissolvido na água diminui, causando a morte de seres vivos e a proliferação de cianobactérias na superfície.
 
Segundo Felipe Gomes, engenheiro e ambientalista, existem quatro classificações de qualidade da água. Atualmente, a Lagoa da Pampulha está no nível 3 de classificação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que vai de 1 (mais limpa) a 4 (mais contaminada). Com isso, é vedado o acesso à água pela população e seu uso para abastecimento da cidade.
 
A importância da Lagoa para Belo Horizonte é enorme, ressalta Felipe. Ela foi a primeira fonte de água e é até hoje o maior reservatório hídrico da região. Em 2016, foi tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade, como parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha.
 
Felipe destacou que se a Lagoa da Pampulha estivesse no nível 2, ou 1, do Conama, ela seria um meio de acesso à água para a população da região metropolitana, e não só para abastecimento. “Seria como uma praia de Belo Horizonte, acessível a todos”, afirmou o ambientalista, destacando o aumento da qualidade de vida que isso traria.

Fontes de poluição

Os dois principais afluentes da lagoa são os córregos Ressaca e Sarandi. Ambos, segundo o ambientalista, são as principais fontes de contaminação. “É uma contaminação difusa, onde não há uma grande fonte de poluição, mas várias”, afirmou.
 
A poluição vem principalmente de casas e estabelecimentos nas margens dos afluentes e da própria Lagoa, disse Felipe. A maioria delas não tem captação e tratamento de esgoto, e os rejeitos são jogados diretamente nos rios, acrescentou.
 
Ainda segundo o ambientalista, 70% da água que chega à Lagoa da Pampulha vem de Contagem, e 30% de Belo Horizonte.
 
A Estação de Tratamento de Águas Fluviais dos Córregos Ressaca e Sarandi faz o tratamento de toda a água que chega desses dois afluentes. O mais comum, disse o ambientalista, seria a criação de uma captação do esgoto das casas e seu tratamento antes que ele fosse jogado na água. Mas é tão grande a difusão dos agentes contaminadores que todo o rio é tratado como um grande esgoto.

Tratamento

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que existem três ações sendo realizadas na Lagoa da Pampulha. O tratamento da água, o desassoreamento e a limpeza do espelho d’água.
 
O tratamento é feito pelo Consórcio Viva Pampulha, e está baseado no uso de dois componentes. Um deles é o biorremediador, destinado à desinfecção e degradação de matéria orgânica. O outro é um remediador físico-químico, desenvolvido especificamente para reduzir as concentrações de fósforo em ambientes aquáticos.
 
Já o desassoreamento é a limpeza do fundo da lagoa. Entre 2018 e 2021 foram realizadas obras que retiraram 520 mil metros cúbicos (170 mil metros cúbicos/ano) de sedimentos e resíduos do fundo do manancial.
 
A limpeza do espelho d’água é uma ação diária. Segundo a PBH, o volume de lixo flutuante recolhido diariamente corresponde, em média, a 5 (cinco) toneladas durante o período de estiagem e a 10 (dez) toneladas no período chuvoso.
 

Enxugando gelo

Essas ações, porém, podem ser consideradas apenas como paliativos, na medida em que não atacam a entrada de rejeitos na Lagoa, oriundos do esgoto sem tratamento.
 
Felipe Gomes lamenta que uma das principais críticas à prefeitura é a de que as ações desenvolvidas atualmente seriam “enxugar gelo”, porque não combatem as fontes de poluição.
 
O ambientalista, no entanto, destaca a importância das iniciativas em curso. “Houve uma melhora nos últimos 5 anos”, constatou, apesar de reconhecer que a qualidade da água ainda é muito baixa.
 


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