A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ontem que os dados repassados pelo Instituto Butantan no pedido de testes da vacina ButanVac estão incompletos e não atendem aos requisitos técnicos. O órgão federal disse ter solicitado informações e documentos para analisar a autorização de estudos com humanos do imunizante contra a COVID-19. Na segunda-feira, a agência havia negado a liberação de importação da vacina russa Sputnik V, pedida por 10 estados do Nordeste, também por falta de dados básicos para análise do produto e por falhas identificadas pela área técnica.
No caso da ButanVac, o prazo para análise por parte da Anvisa foi interrompido até que o Butantan apresente os documentos solicitados. O pedido foi apresentado na sexta-feira, junto com o protocolo de estudo clínico. "Até o momento a candidata a vacina ButanVac foi testada apenas em animais", informou a Anvisa. O governo de São Paulo e o Instituto Butantan anunciaram a ButanVac em 26 de março sob slogan de uma vacina 100% nacional. No mesmo dia, veio a público a informação de que a tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores do Instituto Mount Sinai, de Nova York. O Butantan reconheceu que "firmou parceria e tem a licença de uso e exploração de parte da tecnologia".
Ontem governadores dos estados nordestinos que pediram a liberação de compra da vacina russa e criticaram a decisão da Anvisa que vetou a ação, tomada por unanimidade. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), expressou "decepção e estranheza", uma vez que o produto é utilizado em dezenas de países. Os governadores participaram de uma reunião com o Fundo Soberano da Rússia para fornecer mais relatórios e documentos técnicos do imunizante para possibilitar a revisão da decisão da Anvisa.