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Estado de Minas COVID-19

Conselho de Saúde pede lockdown em BH


19/03/2021 04:00


Para o Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH), o lockdown é essencial para barrar a disseminação descontrolada da COVID-19 na capital mineira. Em carta enviada à secretaria municipal de Saúde, a entidade pede que o poder Executivo belo-horizontino adote, por duas semanas, confinamento com bases rígidas para pôr fim ao colapso que se abate sobre a rede de saúde. A ocupação das unidades de terapia intensiva (UTIs) destinadas aos infectados pelo coronavírus na rede privada de BH acima de 100% e no geral de 96,6%, além das enfermarias ocupadas (79,3%) e da taxa de transmissão por infectado (1,26), preocupam o CMS-BH.

Com esse cenário, o conselho se reuniu e construiu o ofício com 14 recomendações para frear a doença. Ao Estado de Minas, a presidente da entidade, Carla Anunciatta, explica que recrudescer o isolamento é a única forma de aliviar a pressão sobre Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), hospitais e outras casas de saúde.

“O que a gente está vivendo — em Belo Horizonte, no estado e no país – é o aumento vertiginoso da transmissão do vírus, da lotação dos leitos de CTI e de enfermaria. Isso leva a um esgotamento do sistema de saúde. Desde o ano passado, a gente tenta evitar. Uma coisa é receber, em uma UPA, 100 pacientes em um dia; outra coisa é receber 500 pacientes em um mesmo dia”, diz.

O CMS-BH também pede um plano de contingência para aliviar o número de atendimentos feitos pelos profissionais de saúde – abrindo espaço para casos que demandam assistência detalhada. Outra reivindicação é a ampliação do número de testes para a infecção. A dramática situação vivida por Belo Horizonte – espelho do cenário nacional – se reflete no crescimento da curva de resgates feitos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Só de domingo a quarta, foram 405.

“Não tem leito, profissional e equipamento que dê conta. E não tem transporte. As ambulâncias do Samu têm tempo de desinfecção entre o transporte de pacientes”, explica Carla, em menção aos protocolos sanitários necessários a cada atendimento das ambulâncias. Recentemente, a Prefeitura de BH aumentou, de cinco para sete, os pontos de sanitização dos veículos do Samu.

A cidade do prefeito Alexandre Kalil (PSD) está, assim como todo o estado, sob as mais duras regras do programa Minas Consciente. Apenas serviços essenciais estão permitidos e a Polícia Militar tem poder para controlar a circulação de pessoas. Das 20h às 5h, vigora toque de recolher.

Renda básica 


O Conselho Municipal de Saúde reconhece que, para ter adesão, o lockdown precisa ser acompanhado de medidas de amparo econômico. O grupo defende a criação de um programa de renda básica para amparar a população vulnerável. O auxílio a empreendedores também é tido como etapa fundamental.

Há os trabalhadores informais, os comerciantes e os pequenos e médios empresários. Essas pessoas precisam de um subsídio financeiro. Os comerciantes e empresários, além do subsídio, precisam de diminuição ou eliminação de impostos. Os trabalhadores informais, os desempregados e as famílias que ganham menos de R$ 2 mil precisam de uma renda básica. E, também, de cestas básicas, pois os alimentos estão caríssimos. É lockdown com condições para que as pessoas fiquem em casa”, pontua Carla Anunciatta.

A chefe do CMS-BH diz que o poder Executivo belo-horizontino busca formas de atenuar o caos. “A prefeitura e a Secretaria Municipal de Saúde estão fazendo o que têm que fazer, tentando abrir leitos e combater o caos. Mas, para conseguir diminuir a transmissão e a lotação, as pessoas têm que ficar em casa”, insiste.

Os conselheiros também sugerem a paralisação do transporte coletivo. A grande movimentação de pessoas nos ônibus também preocupa a equipe de Kalil. Na semana passada, o prefeito anunciou estudo sobre o fluxo de pessoas nos prédios comerciais para entender se edifícios do tipo são responsáveis por manter os ônibus e os trens urbanos ainda cheios.“Sugerimos que os serviços essenciais possibilitem que os profissionais possam ir trabalhar sem pegar o transporte coletivo”, sustenta Carla.

Negacionismo 


Não é a primeira vez que o Conselho de Saúde de Belo Horizonte vai a público defender o lockdown. Em julho do ano passado, quando pontuou a necessidade de endurecer as restrições, a chefe da entidade sofreu até mesmo ameaças de morte. O caso foi parar na Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil, que apura as mensagens em tom intimidador. Apesar disso, Carla Anunciatta se mantém firme.

“Provavelmente, isso (as ameaças) vai acontecer de novo, mas não temo. Estamos pedindo a compreensão de todas as pessoas. Qualquer um de nós pode ser atingido por essa tragédia. São quase 3 mil mortes ao dia. Um absurdo Não é uma coisa que pode ser relativizada. As pessoas que atacam não têm o entendimento do que é lutar pela vida”, enfatiza.
 


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