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Estado de Minas PATROCÍNIO

Autoridades dizem que morte de vereador em Patrocínio é caso isolado

Polícia Civil e promotoria eleitoral não veem risco de violência generalizada na campanha eleitoral


26/09/2020 04:00 - atualizado 26/09/2020 00:51

Cássio Remis, de 37 anos, foi assassinado com tiros na quinta-feira(foto: FACEBOOK/DIVULGAÇÃO)
Cássio Remis, de 37 anos, foi assassinado com tiros na quinta-feira (foto: FACEBOOK/DIVULGAÇÃO)

 

O candidato a vereador Cássio Remis dos Santos (PSDB), de 37 anos, assassinado em Patrocínio, no Alto Paranaíba, na quinta-feira, vinha denunciando supostas irregularidades cometidas pelo secretário municipal de Obras da cidade, Jorge Marra. Neste ano, o tucano já havia criticado Marra por, supostamente, utilizar máquinas públicas para fazer obras em sua fazenda. Marra, suspeito de matar Cássio com cinco tiros, é irmão do prefeito de Patrocínio, Deiró Marra (DEM), que tenta a reeleição.

 

O crime ocorreu enquanto Cássio fazia transmissão ao vivo nas redes sociais. Ele estava em frente ao comitê de campanha de Deiró denunciando a realização de obras pela prefeitura nas imediações do local. Por isso, a Polícia Civil acredita que o homicídio ocorreu por motivações políticas.

 

Câmeras de segurança do local mostram Jorge Marra tomando um celular das mãos de Cássio, que vai atrás dele em busca do aparelho. Já na secretaria de Obras, para onde ambos se dirigiram, Marra, de chapéu, saca uma arma e dispara. “Não era a primeira vez que ele (Jorge Marra) estava sendo acusado. Quando ficou sabendo que estava sendo denunciado mais uma vez, foi pegar o celular e se impor. A vítima, que não era condescendente com isso, reagiu. Não acho que (o crime) foi premeditado, armado ou contratado”, afirmou ao Estado de Minas o delegado Renato Mendonça, que está à frente das investigações.

 

A polícia suspeita ainda que o crime foi cometido no “calor” do momento. As denúncias feitas por Cássio anteriormente estavam sob investigação do Ministério Público. “Não havia rixa, brigas e ameaças entre os dois. Era um problema com as irregularidades, independentemente de quem estivesse por trás”, completa Mendonça. Segundo o delegado, a princípio não há ligação da morte do vereador com o prefeito, mas não será descartada a hipótese de outras pessoas envolvidas como mandantes ou ajudantes no crime. “A princípio, não é necessário ouvir o prefeito Deiró Marra. Isso porque o autor saiu sozinho na caminhonete e ainda não trabalhamos com a hipótese de outro suspeito envolvido. Mas estamos em apuração.”

 

Em Patrocínio, o crime é tratado como “caso isolado”. O promotor eleitoral do município, Aloísio Soares, diz que a cidade, de pouco mais de 90 mil habitantes não está acostumada a ocorrências do tipo. “As instituições estão engajadas em dar ao pleito eleitoral a mais absoluta tranquilidade e normalidade. Foi um incidente totalmente isolado, inclusive no aspecto criminal, em toda a história da cidade”, garante.

 

O corpo de Cássio Remis dos Santos foi sepultado no início da tarde de ontem no Cemitério Memorial Jardim dos Ipês, em Patrocínio. O velório foi realizado na Câmara Municipal. Devido à pandemia, a cerimônia de despedida durou poucas horas, entre as 8h e as 11h, restrita apenas às pessoas mais próximas da vítima.

 

SUSPEITO ESTÁ FORAGIDO

Jorge Marra ainda não foi localizado pela polícia. Segundo testemunhas, ele seguiu de caminhonete para Perdizes, vizinha de Patrocínio. O veículo foi encontrado numa casa na cidade com uma arma dentro. A Justiça determinou a prisão prventiva dele. As autoridades acreditam que o tiro partiu de revólver calibre 38. Marra tem autorização apenas de posse, não de porte, segundo a polícia, que tem informação também de que ele foi de Perdizes para Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

 

Sem informações precisas sobre o paradeiro de Marra, que foi exonerado logo após o crime, a Polícia Civil pretende negociar a rendição dele com familiares. Inicialmente, a polícia classifica o crime como homicídio duplamente qualificado por motivo fútil. Ele pode ser indiciado também por porte ilegal de arma caso não comprove ter autorização para andar com revólver em via pública. Jorge Marra tem passagens policiais por dois crimes ambientais. As infrações, contudo, são passíveis de penas leves. Na quinta-feira, ao comentar o crime, Deiró Marra disse não ter conhecimento da arma do irmão e o crime não atrapalha seu plano de reeleição.

 

Policiamento será reforçado

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) pretende reforçar a segurança nas atividades de campanha em Patrocínio. “Conversamos sobre reforço de policiamento ostensivo em todos os movimentos de campanha eleitoral”, informou o juiz Joemilson Donizetti Lopes, que coordena o Grupo Institucional de Segurança instituído pela corte para cuidar do pleito deste ano.

 

O TRE-MG trabalha para conter, de forma preventiva, possíveis acirramentos causados pelas disputas eleitorais. A ideia é que juízes das comarcas informem incidentes do tipo ao grupo para que as forças de segurança possam agir – e, assim, evitar consequências trágicas. “Onde houver necessidade de reforço da atuação policial ela, certamente, acontecerá – e de forma vigorosa, com rigor, para que possamos ter tranquilidade na condução do processo eleitoral”, assegura o magistrado Lopes.

 

O grupo foi criado pelo TRE-MG em agosto e se reúne periodicamente. Compõem a equipe integrantes das polícias Militar, Civil e Federal. O Corpo de Bombeiros, a Procuradoria-Geral de Justiça do estado, a Procuradoria Eleitoral Regional e a Secretaria de Estado, Justiça e Segurança Pública também fazem parte da força-tarefa.

 

CANDIDATURAS

Os candidatos precisam registrar a chapa na Justiça Eleitoral até o início da noite de hoje. Na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) constava o nome de Cássio Remis. O número dele na urna eletrônica já havia, inclusive, sido atribuído: 45777. O PSDB pode substituir a candidatura. Expediente semelhante ocorreu em 2014, quando o presidenciável Eduardo Campos (PSB) morreu em acidente aéreo. Na vaga deixada por ele entrou Marina Silva, então vice-candidata ao Palácio do Planalto.

 

Eleito em 2008, Remis foi presidente do Legislativo municipal entre 2013 e 2014. Ele ocupou cadeira na Câmara Municipal entre 2009 e 2016. Cássio também era proprietário de um escritório de advocacia no bairro São Francisco, em Patrocínio. A página do político no Facebook tem cerca de 19 mil seguidores. Deiró também protocolou dados e certidões necessários para tentar a reeleição. Além do DEM, ele terá o apoio de PP, PL, Podemos, PTB, PMB, PSC, PDT e Pros.

 

“ESTARRECIDO”

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse estar “estarrecido” com a morte do candidato a vereador em Patrocínio Cassio Remis (PSDB), assassinado a tiros na quinta-feira. O principal suspeito é Jorge Moreira Marra, secretário de Obras da cidade. Ele é irmão do prefeito Deiró Marra (PSB). Jorge foi filmado por câmeras de segurança atirando na vítima. “Estarrecido com o assassinato brutal do candidato a vereador em Patrocínio Cássio Remis. É inadmissível que o ambiente político se transforme nisso”, comentou o chefe do Executivo de Minas na manhã de ontem, pelo Twitter. “É preciso ter tolerância. Minha solidariedade à família dele. E para criminosos que agem com brutalidade, o rigor da lei e cadeia”, completou.

 

O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), prestou solidariedade à família de Cássio. “Meu pesar e toda solidariedade à população de Patrocínio, em especial à família do jovem Cássio Remis, vítima de violência inadmissível. Temos de renovar nossos esforços em nome do livre debate de ideias. O diálogo tem que vencer a intolerância”, postou o parlamentar nas redes sociais.

 



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